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Rússia ataca porto ucraniano no rio Danúbio e anuncia exercícios militares no Mar Báltico


Reprodução

A Rússia realizou um ataque com drones na última quarta-feira contra um importante porto ucraniano no rio Danúbio, perto da fronteira com a Romênia, danificando quase 40 mil toneladas de cereais destinados para a exportação. O rio Danúbio é a última rota de exportação marítima que restou para Kiev após a revogação do Acordo de Grãos em julho e a tomada subsequente do Mar Negro pela Marinha russa. Horas depois do ataque, Moscou anunciou que dará início a exercícios militares no Mar Báltico, cercado por nações que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O recente ataque danificou instalações de armazenamento de grãos, um tanque de combustível e prédios administrativos na região de Odessa, no sudoeste da Ucrânia, informou a Promotoria do país nesta quarta. Autoridades do governo e do setor familiarizados com o assunto disseram à Bloomberg que os drones atingiram Izmail, um dos maiores terminais fluviais ucranianos.
"Os terroristas russos novamente atacaram portos, grãos e a segurança alimentar global", afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Telegram depois dos ataques. "O mundo precisa reagir. Quando os portos civis são alvos, quando os terroristas destroem deliberadamente até mesmo silos, isso é uma ameaça para todos em todos os continentes."
— O Danúbio é nossa porta de entrada marítima para a Europa e o mundo — afirmou Stanislav Zinchenko, CEO da GMK, think tank econômico com sede em Kiev, em uma entrevista. — Os portos fluviais são agora tão essenciais para a economia de exportação estrangulada da Ucrânia — disse ele, que o impacto de perdê-los é "difícil de calcular".
Maior rio da União Europeia em comprimento e volume, o Danúbio nasce na Floresta Negra da Alemanha e flui para o sudeste atravessando a Europa Central e Oriental. O curso da sua água conecta a Ucrânia ao mar e a outras oito nações europeias. Embora seus portos não fossem tão utilizados por Kiev antes da invasão russa, nos últimos meses eles foram responsáveis por um terço das exportações agrícolas ucranianas.

Guerra naval
Moscou intensificou os ataques aos portos do Danúbio desde que saiu, há duas semanas, do Acordo de Grãos, que permitia a Ucrânia exportar commodities agrícolas pelo Mar Negro diante da ameaça de uma crise alimentar global no ano passado. Desde então, qualquer navio estrangeiro que se atrever a navegar pela região poderá ser considerado uma embarcação de guerra, ameaçou o Kremlin na época.
O presidente russo Vladimir Putin defendeu a saída do acordo do Mar Negro culpando os países ocidentais pela crise global de alimentos e acusando-os de "obstruir" as exportações agrícolas da Rússia com sanções econômicas — apesar dos recordes nos volumes da produção de trigo e da exportação de fertilizantes ter se recuperado aos níveis anteriores à guerra.
O conflito marítimo elevou o preço dos contratos futuros de trigo e de milho negociados no mercado global, atingindo especialmente nações em desenvolvimento na África e na Ásia. O presidente da Romênia, Klaus Iohannis, condenou os ataques como um "crime de guerra", dizendo que eles prejudicam o fornecimento de alimentos para os mais necessitados do mundo.
O ministro das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, disse na terça-feira que o país estava tentando persuadir a Rússia a voltar às negociações sobre o acordo. Seu homólogo japonês, Yoshimasa Hayashi, afirmou que o Japão "lamenta" o fim da iniciativa de grãos por parte da Rússia e espera trabalhar para que ela seja retomada.
Apesar dos apelos, as tensões vêm escalando rapidamente na costa sul da Ucrânia. Na manhã de terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia informou que dois de seus navios de patrulha — o Serhiy Kotov e o Vasily Bykov — foram atacados por drones navais ucranianos durante a noite. Segundo o Kremlin, os dispositivos foram interceptados a tempo. Os militares ucranianos não comentaram a alegação russa. A Ucrânia tem uma frota cada vez maior de barcos de ataque não tripulados e tem repetidamente atacado navios de guerra russos. Kiev têm instado a comunidade internacional para acabar com o que chama de tirania russa no mar.

Operações no Mar Báltico
A Rússia ainda anunciou nesta quarta que dará início a exercícios militares no Mar Báltico, cercado por membros da Otan: Alemanha, Polônia, Dinamarca, Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia e Suécia, cuja entrada na aliança militar está em processo final de aprovação. De acordo com o Kremlin, 50 navios e dezenas de aeronaves serão mobilizados.
"Os exercícios Sea Shield 2023 começaram no Mar Báltico", disse o Ministério da Defesa em comunicado divulgado no Telegram.
Segundo o texto, os exercícios buscam "verificar a prontidão das forças navais para proteger os interesses nacionais da Rússia" em uma área de importância operacional. Ao todo, 30 navios de guerra, 20 navios de abastecimento, 30 aeronaves e 6 mil soldados serão enviados para a região.
Desde que a Rússia lançou sua ofensiva na Ucrânia, os países bálticos cerraram fileiras contra Moscou. No ano passado, a Federação Russa perdeu gasodutos estratégicos no Mar Báltico, que ligavam seu território à Alemanha, após explosões de origem misteriosa destruírem a infraestrutura. Em resposta, a Europa decidiu cortar sua dependência dos hidrocarbonetos russos para sancionar o país.
Fonte O Globo

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