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Risco de erupção em cidade esvaziada na Islândia diminui, mas estragos ainda impedem a volta dos mor


Reprodução

O risco de uma erupção vulcânica destruir a cidade de Grindavik, cidade no sudoeste da Islândia esvaziada em 10 de novembro depois de uma série de terremotos, diminuiu consideravelmente nos últimos dias. Porém, os moradores continuam sem saber quando vão e se vão, enfim, poder voltar para casa.
A razão para isso fica evidente quando se chega ao centro de Grindavik. A enorme rachadura que atravessa a cidade de 3,3 mil habitantes atingiu casas e destruiu tubulações. E, mesmo que a lava não escorra por lá, outros tremores podem deformar ainda mais o solo - ou seja, causar mais rachaduras no chão e, portanto, mais estragos na infraestrutura.
A defesa civil islandesa então estabeleceu bloqueios extremamente rígidos contra a entrada de pessoas na área – mesmo moradores precisam seguir protocolos para buscar as coisas em casa.
Grindavik foi totalmente evacuada há quase três semanas depois que uma série de terremotos quase ininterruptos deixou claro o risco de uma erupção nos arredores da cidade.
O povoado fica bem em uma das regiões com maior atividade sísmica da Islândia – a península de Reykjanes. Por ali passa o encontro de duas placas tectônicas: a da América do Norte e a da Europa.
Logo depois da evacuação de Grindavik, os habitantes tinham de esperar que a defesa civil permitisse que, escoltados, passassem em suas casas para buscar pertences. E isso não acontecia todos os dias.
A equipe da TV Globo visitou o povoado duas vezes na última semana. Na primeira, tivemos de esperar uma autorização que só veio com uma hora de antecedência até o horário em que um ônibus sairia de um centro de imprensa perto da capital, Reykjavik, com outros profissionais de jornais, emissoras e agências internacionais. E todas essas equipes tinham de ficar juntas.
Na segunda visita, no sábado, o risco de uma erupção repentina dentro da cidade tinha diminuído. Assim, as autoridades islandesas permitiram a abertura de Grindavik apenas nos horários em que há claridade no escuro outono da Islândia – das 11h às 16h.
A escolta não era mais necessária, mas mesmo assim a equipe precisou passar por um bloqueio e comprovar que era um time de jornalistas – e não de turistas curiosos. Ao chegar no centro de Grindavik, um drone da polícia islandesa nos acompanhou até que comprovássemos, mais uma vez, nosso trabalho.
E nas duas visitas, o mesmo cenário: uma cidade fantasma. Alguns moradores chegaram a deixar Grindavik sem que apagassem as luzes de casa. Uma evacuação rápida, em que mal houve tempo de recuperar os pertences.

Turismo vulcânico
Não é como se Grindavik não fosse acostumada às intempéries. Além dos terremotos - que por si já deixam a cidade vulnerável aos estragos – fortes tempestades atingem a península de Reykjanes com frequência. Quando nossa equipe visitou Grindavik, as rajadas chegavam a quase 100 km/h.

Mas por que então as pessoas viviam lá?
Grindavik nasceu há mais de um milênio dedicada à principal fonte de proteína na alimentação islandesa: a pesca. Mas foi só recentemente que o vilarejo cresceu, graças em grande parte a outra atividade econômica crucial para a Islândia: o turismo.
A seis quilômetros de onde abriu-se uma rachadura, fica a Blue Lagoon, o resort de águas termais azuis que se transformou num dos maiores chamarizes para o turismo na Islândia.
Dentro da área de risco, a Blue Lagoon foi fechada. Para tentar salvar a atração de uma eventual explosão de lava, o governo islandês começou a construir uma barreira de terra e pedra ao redor do local. E também perto de Grindavik, a dez minutos de carro, fica o vulcão Fjagradalsfjall, que tem entrado em erupção a cada ano desde 2021. Como a cratera fica em uma área segura e a defesa civil consegue monitorar o tamanho das erupções, a montanha virou uma atração turística - que o próprio governo da Islândia lamentou ter de fechar com os terremotos deste último mês.
Em entrevista à TV Globo, a ministra de Cultura e Negócios da Islândia, Lilja Dögg Alfreðsdóttir, reconheceu que as novas crateras abertas compõem sim um ativo turístico - tanto que turistas têm sido barrados a cada vez que tentam entrar na área isolada.
“A cratera é sem dúvida muito interessante, mas nossa prioridade é resguardar os moradores”, disse a ministra.
O governo islandês até admite que a cratera em Grindavik possa - num futuro bem próximo, com a cidade fora de perigo - se converter em mais uma atração turística na península de Reykjanes. Afinal, são apenas 43 quilômetros que separam o povoado do maior aeroporto da Islândia.
Enquanto isso não acontece, os moradores de Grindavik seguem em compasso de espera, em casas, hotéis e outras moradias temporárias. Sem previsão de volta.
E, mesmo com a ajuda do governo para custear as despesas, as preocupações estão no ar: seguro das moradias, adaptação dos filhos à escola nova, perdas do comércio local e todos os outros problemas decorrentes da mudança às pressas. Porém, um dos símbolos da Islândia - que estampa de camisetas a canecas em lojas de souvenir - é a expressão que traduz o otimismo dos islandeses: þetta reddast. O equivalente ao nosso ‘no fim, tudo se ajeita’.
Fonte: G1

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