Pernambuco confirma caso de raiva humana após 8 anos sem registros da doença
Na quarta-feira (8), Pernambuco confirmou um caso de raiva humana após oito anos sem registros da doença no estado. A vítima, uma mulher de 56 anos, foi mordida por um sagui e está internada em estado grave no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife.
Ela foi admitida na unidade de saúde no dia 31 de dezembro, com sintomas de dormência que se espalharam pelo tórax, além de dores e fraqueza. A confirmação da infecção foi divulgada nesta quinta-feira (9).
Natural de Santa Maria do Cambucá, no Agreste de Pernambuco, a mulher foi mordida na mão esquerda após o sagui, possivelmente fugindo de queimadas na região, se aproximar da área urbana. O Instituto Pasteur, em São Paulo, responsável pelos exames laboratoriais, confirmou que o vírus é de origem silvestre, vindo de um primata não-humano, o sagui.
A Vigilância Ambiental esclareceu que animais silvestres, como os saguis, não são vacinados contra a raiva, o que aumenta o risco para os seres humanos.
Eduardo Bezerra, diretor-geral de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde de Pernambuco, destacou que, embora não haja casos de raiva humana há anos no estado, o vírus ainda circula entre os animais silvestres.
"Apesar da ausência de casos humanos nos últimos anos, a Vigilância segue identificando o vírus em animais silvestres da mata, que não são vacinados, ao contrário dos animais domésticos", explicou Bezerra.
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2010 e 2024, o Brasil registrou 48 casos de raiva humana, sendo nove causados por mordidas de cães, 24 por morcegos, seis por primatas não humanos, dois por raposas, quatro por felinos e um por bovino.
Evolução do quadro clínico
A paciente começou a apresentar sintomas em 31 de dezembro, com dormência, fraqueza e dores. No dia 2 de janeiro, o quadro se agravou, com necessidade de ventilação mecânica e o desenvolvimento de sintomas neurológicos graves, como agitação e insuficiência respiratória.
A médica Ana Flávia Campos, que acompanha o caso, informou que a paciente está sedada e sendo monitorada pela equipe médica, que acompanha possíveis complicações. "Desde 2 de janeiro, ela não precisou de mais suporte, apresenta boa função urinária e não há sinais de infecção bacteriana secundária. Segue sob sedação profunda e continua sendo monitorada para possíveis complicações", relatou a médica.
A raiva é uma doença viral grave e com quase 100% de letalidade após o início dos sintomas. O vírus é transmitido principalmente por mordidas, arranhões e lambidas de animais infectados. No caso da paciente, a transmissão ocorreu por meio da mordida do sagui.
O período de incubação da raiva varia de 2 a 10 dias, com os primeiros sintomas incluindo febre baixa, mal-estar, dor de cabeça, náuseas e sensação de angústia. À medida que a doença avança, podem surgir sintomas mais graves, como agitação, dificuldade para engolir, paralisia e coma.
Tratamento
A profilaxia imediata após a exposição ao vírus é fundamental para evitar a progressão da doença. Nos casos de mordidas de animais silvestres, como o sagui, é essencial procurar assistência médica rapidamente para a aplicação da vacina antirrábica e, se necessário, do soro antirrábico.
A vacinação de cães e gatos, os animais domésticos mais próximos dos seres humanos, é uma medida preventiva importante. O Ministério da Saúde distribui imunobiológicos, incluindo vacina e soro antirrábico, em todo o Brasil para garantir a proteção da população.
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