Operação 3FA: Zambelli alega inocência dela e de Bolsonaro em relação com hacker preso pela PF
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se disse inocente e negou relação com supostos trabalhos criminosos feitos pelo hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como "hacker da Vaza Jato". A parlamentar também negou qualquer irregularidade envolvendo contatos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o hacker.
Zambelli foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (2). Os agentes cumpriram mandados em endereços ligados à parlamentar em Brasília (DF). De acordo com ela, foram apreendidos, em seu imóvel funcional, passaporte, dois celulares e um HD externo. A parlamentar prestará depoimento à PF sobre o caso na próxima segunda-feira (7).
Já Delgatti foi preso no interior de São Paulo. Ele ficou conhecido por ter invadido telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato, em episódio que ficou conhecido como "Vaza Jato" após mensagens trocadas pelos integrantes da força-tarefa por meio do Telegram serem publicadas pelo site "The Intercept".
Zambelli é alvo da PF, por supostamente, contratar Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e inserir no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro deste ano, um mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Também teriam sido inseridos no sistema 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos.
Em entrevista à imprensa, Zambelli contou que conheceu Delgatti na saída de um hotel e que o encontrou "poucas vezes" para conversar sobre assuntos ligados à tecnologia. Em uma viagem para Brasília, o hacker teria informado à parlamentar que teria serviços para oferecer ao PL. Zabelli disse que, então, o levou para uma reunião com o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto.
A deputada frisou que, na reunião, sinalizou para Valdemar não contratar os serviços de Delgatti. Teria sido oferecido, de acordo com Zambelli, auditoria nas urnas eletrônicas nos dois turnos das eleições de 2022. Em outro momento, Delgatti teria sido questionado diretamente por Bolsonaro se as urnas eletrônicas são confiáveis, e respondido que "não".
Todas as informações foram fornecidas por Zambelli. No relato, ela acrescentou: "A impressão que eu tenho é que estão tentando envolver o [ex-]presidente [Bolsonaro] através de mim, pela nossa relação próxima. Isso não vaia acontecer porque não há nenhuma prova [de irregularidade]".
Zambelli contou que um pagamento que fez a Delgatti em novembro de 2022, de cerca de R$ 3 mil, foi por serviços contratados para o site dela como parlamentar e que não foram cumpridos pelo hacker. Ela disse não ter cobrado a devolução do valor porque o hacker alegou dificuldades financeiras. A deputada negou relação com a invasão que incluiu mandados falsos no sistema do CNJ.
"Eu pagaria R$ 3 mil para me arriscar dessa forma e fazer uma brincadeira de mau gosto? Eu sou uma deputada séria. Eu sei o que pode acontecer com deputado que brinca com ministro do STF. Já vi isso com nosso amigo Daniel Silveira, que está preso em Bangu", afirmou.
Zambelli também irá enfrentar, nesta quarta, uma denúncia no Conselho de Ética da Câmara. O caso é sobre o comportamento da deputada em audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara com o ministro da Justiça, Flávio Dino, em abril deste ano. Com embates acalorados entre os parlamentares presentes, Zambelli se dirigiu ao deputado Duarte Jr. (PSB-MA) e disparou: “vai tomar no c*”.
A representação foi feita pelo PSB, partido do deputado, e informou que aliados de Zambelli declararam que ela foi provocada e reagiu. “Tais justificativas reduzem o Parlamento a uma roda de conversas informal, onde qualquer pessoa pode ofender sem ser repreendido”, diz a ação.
“O parlamentar deve agir de maneira socIalmente responsavel, consoante preceitos éticos e morais. pautando-se pelo ordenamento jurídico em vigor. […] A escolha da deputada Carla Zambelli de xingar fora do microfone e de forma quase inaudível demonstra sua consciência prévia da gravidade daquilo que fala e a intenção inquestionável de humilhar o Deputado, sem ser responsabilizada”, acrescenta a denúncia, que tem como relator o deputado João Leão (PP-BA).
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