'Não adianta fazer discurso bonito e depois colocar lenha na fogueira da inflação’, diz Zema sobre Lula
O governador de Minas Gerais. Romeu Zema (Novo), criticou a gestão política e fiscal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar de dizer que os dois têm uma relação “boa e civilizada”, o mineiro ressaltou que não concorda com as propostas do petista. Zema falou em entrevista à CNN nesta segunda-feira (29).
“Já estive com o presidente em Brasília duas, três vezes. Ele já foi a Minas e esteve comigo duas ou três vezes também. O que nós não temos em comum são propostas. Ele acredita no Estado solucionador de todos os problemas e eu não acredito nessa proposta. Eu acredito em um Estado mais eficiente, que precisa reduzir gastos”, afirmou.
De acordo com Zema, o Brasil "tem batido recorde de gastos, um atrás do outro, e isso sinaliza, na avaliação dele, que dificilmente o país terá taxas de juros civilizadas e uma inflação pequena. “Porque se o Estado não for eficiente e não gastar menos, quem vai pagar a conta é o mais pobre. Então não adianta você fazer discurso bonito, discurso apelativo, ‘eu sou o pai dos pobres’, e depois você coloca lenha na fogueira da inflação”, acrescentou.
Zema declarou que se “preocupa muito” com uma “certa contradição” que vê em Lula. "O Brasil está com as suas contas públicas muito ruins e se nós não tomarmos cuidado, é só questão de tempo para nós repetirmos aquele desastre que foi 2015 e 2016: recessão, inflação alta e muito desemprego. Três milhões perderam seus empregos naqueles dois anos e nós estamos plantando exatamente o mesmo jardim, com a mesma receita”, completou.
Zema e Lula são antagonistas políticos. O mineiro é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), maior adversário do petista. O presidente e o governador se encontraram pela primeira vez em meio à disputa por uma solução para a dívida dos Estados com a União.
A pauta foi impulsionada no final de 2023 pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sem descartar sua pretensão para o governo de Minas nas eleições de 2026.
Os dois já tinham se encontrado em um evento em Minas em fevereiro, mas, em 26 de abril, Zema não foi a uma agenda promovida pelo governo federal com a presença de Lula na cidade de Nova Lima (MG). O governador alegou que não foi convidado, mas o Palácio do Planalto rebateu a informação.
Em um pronunciamento na rede nacional de rádio e televisão na noite de domingo (28), Lula reafirmou seu compromisso fiscal, área alvo de críticas por Zema. “Não abrirei mão da responsabilidade fiscal. Entre as muitas lições de vida que recebi de minha mãe, dona Lindu, aprendi a não gastar mais do que ganho. É essa responsabilidade que está nos permitindo ajudar a população do Rio Grande do Sul com recursos federais", declarou o presidente.
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