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Negros são 90% dos mortos em intervenções policiais pelo Brasil

Reproduçâo
Uma pessoa negra morreu a cada quatro horas em intervenções policiais registradas em nove Estados do Brasil em 2023, de acordo com levantamento da Rede de Observatórios da Segurança divulgado nesta quinta-feira (7). Os negros representam quase 90% dos mortos neste tipo de intervenção, segundo o estudo. Ao todo, foram 4.025 mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil no ano passado. Do total, 2.782 eram negros -ou seja, 87,8% dos casos com registros de raça e cor. De acordo com o Censo do IBGE de 2022, 55,5% da população brasileira é negra. Vale destacar que em 856 casos não houve registro da raça da vítima, o que pode indicar uma subnotificação ainda maior das mortes. Apesar de uma redução no número de mortes em relação ao ano anterior, o perfil racial dos mortos segue o mesmo. Em 2022 foram 4.219 mortes, sendo 87,4% de negros. Bahia lidera o ranking de letalidade policial. Foram 1.702 mortos em 2023. Do total, 1.321 eram negros -ou 94,6%. No estado, 306 ocorrências não tiveram registro de raça e cor. É o segundo ano consecutivo que a Bahia lidera o ranking de mortes em ações policiais. O estado teve um aumento de 162% nas mortes em ações policiais desde 2019; a maioria se concentrou em Salvador: 428. Ranking dos Estados onde foram analisadas mortes por intervenção policial: Bahia: 1.702 mortes (1.321 vítimas negras). Rio de Janeiro: 871 mortes (690 vítimas negras). Pará: 530 mortes (232 vítimas negras). São Paulo: 510 mortes (321 vítimas negras). Ceará: 147 mortes (47 vítimas negras). Pernambuco: 117 mortes (110 vítimas negras). Maranhão: 62 mortes (16 vítimas negras). Amazonas: 59 mortas (25 vítimas negras). Piauí: 27 mortes (20 vítimas negras). Do total de mortos, 243 eram crianças e adolescentes. Ainda de acordo com o levantamento, há uma lacuna das políticas públicas que não conseguem acessar e proteger essa parcela da população. O levantamento ainda destaca que pode haver subnotificação deste grupo nos registros de ocorrência, dificultando um detalhamento sobre as mortes. A pesquisa "Pele Alvo: mortes que revelam um padrão" é publicada anualmente pela Rede de Observatórios da Segurança. O título faz referência à música "Ismália", de Emicida, e busca evidenciar o racismo estrutural presente nas instituições de segurança pública. Os dados são obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), junto às Secretarias de Segurança Pública e órgãos correlatos de nove estados brasileiros.
Fonte: O tempo.

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