MP denuncia 15 funcionários de clínica terapêutica interditada após fiscalização em Machado
O Ministério Público (MP) denunciou 15 pessoas, incluindo diretores e funcionários de uma comunidade terapêutica em Machado (MG), por envolvimento em organização criminosa, cárcere privado, tortura e tráfico de drogas. Dentre os denunciados, três estão presos preventivamente, incluindo um médico, um psicólogo, três enfermeiros, além de supervisores e coordenadores da unidade.
As investigações revelaram que a comunidade terapêutica, que se apresentava como clínica de reabilitação para dependentes químicos, não possuía as condições adequadas para funcionar como uma unidade de saúde. Durante as fiscalizações, foram constatadas situações de tortura e cárcere privado, além de irregularidades sanitárias, como a presença de alimentos impróprios para consumo e produtos vencidos.
O MP pediu à Justiça a condenação dos envolvidos e a indenização por danos morais às vítimas e à coletividade. Além disso, solicitou a continuidade das investigações para identificar possíveis outras vítimas que ainda não foram localizadas. Ex-internos da comunidade terapêutica foram incentivados a procurar a Polícia Civil em Machado, caso tenham sofrido abusos.
Tentativa de fuga e descoberta de sala de tortura
Durante a fiscalização que levou à interdição do centro terapêutico, o gerente da unidade tentou fugir, mas foi preso em flagrante pela Polícia Militar. Em seu poder, foram encontrados cheques, dinheiro e um comprovante de depósito. A inspeção também revelou várias irregularidades sanitárias e uma sala de tortura, equipada com objetos como cinturões e braceletes usados para imobilização, identificados pelas vítimas como instrumentos de tortura.
Os internos, homens com idades entre 19 e 54 anos, relataram à Polícia Civil práticas de tortura física e psicológica, além de internação involuntária. Medicamentos controlados, sem prescrição médica, e blocos de receitas em branco, assinados pelo médico responsável, foram encontrados no local. Os internos afirmaram que esses medicamentos eram usados para sedá-los quando tentavam fugir, sendo administrados por qualquer funcionário do centro.
O MP destacou que a unidade não deveria restringir a liberdade dos internos com muros altos, trancas e cadeados, mas estas características foram encontradas no local, inclusive nos dormitórios. A Polícia Civil e o MP continuam as investigações para apurar todos os crimes cometidos.
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