Militar roubou dados de homem envolvido em acidente para tramar contra Moraes
Agentes da Polícia Federal (PF) identificaram que o major Rafael Martins de Oliveira, integrante das Forças Especiais do Exército, usou dados falsos para tramar contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. De acordo com a investigação, ele habilitou uma linha telefônica em nome de um homem com quem se envolveu em um acidente de trânsito. A linha foi habilitada usando todos os dados pessoais de Lafaiete Teixeira Caitano. O nome do homem também foi cadastrado como usuário no aplicativo Signal, em que os militares mantinham um grupo, chamado de “Copa 2022”, para planejar os ataques. O codinome do major, no aplicativo, era “teixeiralafaiete230”. A batida foi na noite de 24 de novembro de 2022. Lafaiete registrou um boletim de ocorrência sobre a batida. Em seu relato, ele contou que saiu de Valparaíso para Anápolis, cidades no entorno do Distrito Federal. O acidente foi no trecho d BR-060, no sentido Brasília-Goiânia e a 600 metros do restaurante “Sete Curvas”. Segundo o BO, Lafaiete contou que havia acabado de chover e a pista estava parcialmente bloqueada por conta do trabalho de sinalização de um guincho em um outro acidente que deixou uma carreta presa em uma ponte. A batida entre Lafaiete e Rafael teria sido às 22h15.
O major passou pelo local, “em baixíssima velocidade”, dirigindo um veículo de modelo VW T-Cross. Ao passar por uma curva no local, Lafaiete contou que o carro de Rafael estava “quase parado” e ele não conseguiu frear a tempo de evitar a colisão. O homem também registrou que o outro envolvido era Rafael Martins de Oliveira. Depois da batida, os dois conversaram e acionaram a seguradora para retirar os carros da pista. Na mesma situação, Rafael tirou duas fotos que ficaram armazenadas em seu celular pessoal. Uma delas foi da CNH de Lafaiete, registrada na íntegra e mostrando os dados pessoais do homem, que depois foram usadas pelo major para ativar a linha telefônica. Nessa foto, Rafael deixou à mostra seu dedo indicador. Quando encontrou a imagem, a PF a enviou para o Instituto Nacional de Identificação (INI), que identificou as impressões digitais como sendo de Rafael depois da realização de perícia papiloscópica.
"O Laudo Papiloscópico [...] obteve êxito em identificar que as impressões papilares do dedo indicador esquerdo coincidem com as digitais de RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA”, informou a PF. A perícia também identificou que a foto foi tirada do celular de Rafael por volta de 1h37 da madrugada de 25 de novembro de 2022 no local do acidente, na BR-060. Os agentes também fizeram a consulta da placa do carro dirigido por Rafael e identificaram que o veículo pertence a uma empresa de aluguel. Quando questionada pela PF, a empresa informou que o veículo foi alugado para Rafael, que o retirou no aeroporto de Goiânia às 16h40 de 21 de novembro de 2022. A devolução foi feita no dia 25 de novembro, às 13h34. Na investigação, a operadora de telefonia em que o número foi registrado informou que a linha foi habilitada em 8 de dezembro de 2022, dias depois da batida, e os dados cadastrais estavam em nome de Lafaiete.
“A partir dessa constatação, que demonstrou imediata correlação entre os dados vinculados ao terminal telefônico 61-98178- 9891 e a pessoa envolvida no acidente de trânsito, a equipe de investigação chegou à conclusão de que RAFAEL DE OLIVEIRA utilizou os dados de LAFAIETE TEIXEIRA CAITANO, terceiro de boa-fé, para habilitar número telefônico que, posteriormente, foi utilizado na ação clandestina do dia 15 de dezembro de 2022”, concluiu a PF.
Os agentes também indicaram que a técnica faz parte de um processo chamado de “anonimização”, uma “técnica prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário do prefixo telefônico”.
Entenda. A PF deflagrou na terça-feira a operação de Contragolpe. Agentes descobriram o planejamento de um golpe de Estado e plano de assassinato de autoridades. Os alvos eram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e Moraes. Foram presos de forma preventiva quatro militares do Exército com formação em Forças Especiais. Conhecidos como “kids pretos”, eles são treinados para operações sigilosas e que exigem alto desempenho.
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