Maduro deve assumir seu terceiro mandato hoje, apesar da oposição internacional.
A Venezuela realizará a posse de seu novo chefe de Estado nesta sexta-feira (10), mas ainda há dois homens que reivindicam ser o presidente legítimo do país.
O atual presidente, Nicolás Maduro, participará da cerimônia de posse para iniciar seu terceiro mandato, apesar de ampla contestação internacional sobre sua vitória nas eleições presidenciais de julho do ano passado. Tanto Maduro quanto Edmundo González, candidato da oposição, alegam ter vencido nas urnas durante a eleição de 28 de julho.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão apoiado pelo chavismo, declarou Maduro como vencedor sem divulgar a contagem detalhada dos votos. A oposição, por sua vez, apresentou resultados obtidos em todo o país, alegando que González obteve uma vitória esmagadora. Observadores independentes consideraram que os resultados da oposição são provavelmente válidos, e vários países, incluindo os Estados Unidos, reconheceram González como o presidente eleito.
Após a eleição, milhares de venezuelanos protestaram nas ruas, exigindo transparência, e houve confrontos com a polícia. Em resposta, o governo iniciou uma repressão em grande escala, prendendo mais de duas mil pessoas, incluindo menores de idade.
O Ministério Público da Venezuela emitiu um mandado de prisão contra González, que fugiu do país, assim como sua colega María Corina Machado, que se escondeu. González prometeu retornar à Venezuela para formar um novo governo e evitar o novo mandato de Maduro. Recentemente, ele pediu aos militares que o reconhecessem como comandante-chefe e derrubassem Maduro, que está no poder desde 2013.
Há especulações de que González tente entrar em Caracas com apoio de figuras importantes, incluindo o ex-presidente colombiano Andrés Pastrana, que afirmou que irá acompanhá-lo. No entanto, o governo venezuelano alertou que qualquer tentativa de entrada será respondida com prisões.
Na quinta-feira (9), a oposição informou que María Corina Machado foi "violentamente interceptada" e detida durante protestos contra a posse de Maduro, mas o governo negou a prisão. Machado, por sua vez, afirmou que estava em "local seguro" e que relataria o ocorrido nesta sexta-feira.
Maduro, por sua parte, recebeu um convite da Assembleia Nacional para a cerimônia de posse, que acontecerá com "paz" e "unidade nacional", segundo suas palavras. O evento contará com medidas de segurança rigorosas. O governo venezuelano também anunciou a prisão de mais de 125 pessoas, incluindo estrangeiros, acusadas de tentar desestabilizar o país.
A cerimônia de posse, que ocorrerá na Assembleia Nacional em Caracas, está marcada para as 13 horas (horário de Brasília), e, após o juramento e a apresentação da faixa presidencial, Maduro deverá fazer um discurso à nação.
O impacto internacional da posse é significativo, pois pode agravar as relações diplomáticas da Venezuela com vários países. O governo venezuelano já cortou relações com várias nações que questionaram os resultados das eleições e expulsou parte de sua equipe diplomática, enquanto outros países retiraram seus diplomatas, condenando a vitória de Maduro.
A posse também deve influenciar a migração na América Latina, já que, sob a presidência de Maduro, cerca de 8 milhões de venezuelanos fugiram do país devido à crise econômica e à pobreza. A oposição e grande parte da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais, alegando fraude eleitoral, uma vez que o CNE não divulgou os documentos detalhados sobre os votos apurados.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que dizem ter obtido de seus fiscais, as quais apontam uma vitória de González com quase 70% dos votos. O chavismo contesta, alegando que grande parte dessas atas é falsificada, mas seus aliados não apresentam provas.
O Ministério Público venezuelano abriu uma investigação contra González por publicar as atas, acusando-o de usurpação de funções do poder eleitoral. O opositor foi intimado a depor, mas se exilou na Espanha após um mandado de prisão ser emitido contra ele.
Desde o início do processo eleitoral, muitos opositores foram presos, e após a eleição de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram detidas e 24 morreram, de acordo com organizações de direitos humanos.
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