Inflação: por que os preços do café e dos ovos subiram? Entenda os motivos
há 3 horas
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A alta nos preços do ovo e do café no Brasil tem sido impulsionada por fatores climáticos e sazonais, explicam especialistas. Em fevereiro, os dois produtos registraram aumentos significativos: 15,39% no ovo de galinha e 10,77% no café moído, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o IBGE, a safra comprometida, o aumento da exportação e a maior demanda interna estão entre os principais fatores que justificam as elevações.
“O café, com problemas na safra, está em trajetória de alta desde janeiro de 2024. Já o aumento do ovo se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos Estados Unidos e também pela maior demanda devido à volta às aulas. Além disso, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta”, explicou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
Debate sobre os preços
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) discorda do IBGE e afirma que a exportação não é o fator determinante para a alta dos ovos. Segundo a entidade, menos de 1% das 59 bilhões de unidades previstas para este ano serão exportadas.
Por outro lado, a ABPA reconhece que as altas temperaturas impactam a produção, afetando a produtividade das aves. Além disso, o custo da alimentação das galinhas aumentou, já que o preço do milho subiu 30%, e os gastos com insumos e embalagens mais que dobraram.
A sazonalidade também influencia o aumento nos preços dos ovos. Durante a Quaresma, período de restrição alimentar para os cristãos, o consumo de carne vermelha diminui, sendo substituído por ovos e peixes.
“Após um longo período de preços em baixa, a demanda natural da época aqueceu a comercialização de ovos”, destacou a ABPA.
Café também sofre impacto climático
O café, por sua vez, enfrenta problemas climáticos recorrentes, afetando tanto a produção nacional quanto a de outros países exportadores, como o Vietnã.
“O café passou quatro anos sofrendo com geadas e secas. Agora, além da crise hídrica, há quebras de safra no exterior”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
A baixa oferta, aliada ao aumento da demanda global e à valorização do dólar, fez com que mais café fosse exportado, reduzindo a disponibilidade para o mercado interno.
Mesmo com o aumento dos preços, o consumo de café torrado e moído no Brasil cresceu 1,1% entre 2023 e 2024, totalizando 21,9 milhões de sacas – o equivalente a 40,4% da safra nacional de 2023, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
O Brasil segue como o segundo maior consumidor de café do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que consomem 4,1 milhões de sacas a mais.
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