Incêndio no Pantanal Devasta Áreas de Conservação e Ameaça Araras-Azuis
Um incêndio de grandes proporções atingiu a região do Pantanal entre os dias 1° e 2 de agosto, afetando severamente áreas de conservação ambiental, incluindo o Instituto Arara Azul, no Mato Grosso do Sul. A entidade, coordenada pela bióloga Neiva Guedes, há quase três décadas, trabalha na preservação das araras-azuis no bioma, e agora enfrenta desafios crescentes devido aos incêndios.
O fogo, descrito por Neiva como "avassalador", destruiu árvores centenárias essenciais para a alimentação das araras, que dependem dos frutos de palmeiras como acuri e bocaiúva. Com a perda das árvores, o instituto planeja suplementar a alimentação das aves enquanto aguarda o próximo ciclo de frutificação, que pode levar mais de um ano.
O incêndio também consumiu quase 80% da Estância Caiman, uma fazenda de 53 mil hectares que abriga outros projetos ambientais, como o Onçafari e o Instituto Tamanduá. Apesar dos esforços de resgate, muitos animais feridos não sobreviveram. O Instituto Tamanduá planeja instalar um hospital veterinário na Caiman para tratar os animais afetados.
A situação foi parcialmente controlada com a chegada de chuvas e uma frente fria, mas os danos já são extensos. O diretor do SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, destacou a gravidade da situação, lembrando que além do fogo, a seca extrema também ameaça a sobrevivência dos animais, que sofrem com a falta de água.
Para as araras-azuis, a fumaça dos incêndios pode causar problemas de saúde a longo prazo, como doenças de pele e pneumonia. A competição por alimentos aumenta, dificultando ainda mais a sobrevivência das aves. Em 2019, a Caiman também sofreu com incêndios, que destruíram metade dos ninhos de araras-azuis. Este ano, o fogo chegou no início do período de postura de ovos, e já se registra a perda de alguns ovos.
Até 15 de agosto, mais de 1,5 milhão de hectares do Pantanal foram devastados pelo fogo, segundo dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O bioma enfrenta o ano mais seco de sua história, com incêndios desde maio, agora atingindo áreas do Pantanal Norte, incluindo a reserva particular do patrimônio natural Sesc Pantanal.
A situação é crítica, especialmente com o avanço do fogo em direção ao Parque Estadual Encontro das Águas, que abriga o maior santuário de onças-pintadas do mundo. Em nota, a RPPN Sesc Pantanal informou que continua trabalhando para controlar os focos de incêndio em parceria com diversas entidades de conservação e combate ao fogo.
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