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Galípolo defende Selic alta e alerta sobre impacto da guerra de tarifas na inflação

  • gazetadevarginhasi
  • há 23 horas
  • 3 min de leitura
Reprodução
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O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (22) que a instituição ainda avalia se a atual taxa Selic, hoje em 14,25% ao ano, é suficiente para conter a inflação diante do cenário de incertezas agravado pela guerra de tarifas iniciada pelos Estados Unidos.

Durante reunião na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Galípolo defendeu a política de juros praticada pelo Brasil, atualmente a quarta mais alta do mundo em termos reais, conforme dados da consultoria Moneyou. A posição do BC foi alvo de duras críticas por parte de senadores, que afirmaram que os juros altos travam o desenvolvimento econômico e favorecem a especulação financeira.

Segundo o presidente do BC, o dinamismo atual da economia brasileira está elevando a pressão inflacionária, sobretudo nos alimentos, o que exige uma política monetária mais rígida. “O que o BC está fazendo é migrar para um patamar em que tenha alguma segurança de que está restritivo. Estamos tateando nesse ajuste para saber se já atingimos esse nível ou se ele ainda precisa ser elevado”, explicou Galípolo.

A Selic subiu 1 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e novas elevações estão em análise. O dirigente justificou que, apesar das críticas, o crescimento da economia — evidenciado por setores como o mercado de trabalho e a indústria — tem alimentado a inflação, que está “acima da meta e bastante disseminada”. Nesse contexto, disse ele, “o BC precisa ser o chato da festa”, freando a economia para evitar uma espiral inflacionária.

Guerra de tarifas pressiona cenário
Galípolo também apontou que o conflito comercial entre os Estados Unidos e outras economias, marcado pelo aumento de tarifas, contribui para manter as taxas de juros em patamares elevados. “Estamos em um ambiente de elevada incerteza. Para países emergentes como o Brasil, isso pesa mais do que para economias avançadas”, declarou.

Ainda assim, o presidente do BC vê espaço para o Brasil se destacar como um destino seguro para investimentos. “Não é que a guerra tarifária torne o cenário melhor, mas em comparação com os pares, o Brasil pode se sobressair pela diversidade nas relações comerciais e pelo peso do mercado interno”, disse.

Críticas no Senado
Senadores cobraram uma política monetária mais equilibrada e criticaram a dependência excessiva da alta de juros como ferramenta de controle da inflação. O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) citou os impactos negativos no setor produtivo. “A indústria, o comércio, os serviços e o agro estão sofrendo com esses juros”, disse.

O senador Cid Gomes (PSDB-CE) foi ainda mais incisivo. “Esses juros só beneficiam uma minoria ligada ao mercado financeiro. É uma mamata. Dá lucro de 10% ao ano com segurança. Qual atividade econômica entrega isso, exceto o tráfico de drogas?”, disparou. Cid também defendeu o uso de outras ferramentas, como a venda de dólares, para conter a inflação via valorização do real.

Reformas no horizonte
Galípolo reconheceu que há limitações estruturais que reduzem a eficácia da política monetária, exigindo juros ainda mais altos para surtirem efeito. “Talvez existam canais entupidos. Isso exige doses maiores do remédio para alcançar o mesmo resultado”, afirmou.

Ele sugeriu reformas fora do escopo direto do BC, como a redução dos juros pagos pelas famílias — que frequentemente superam a própria Selic — e a regulação de instituições financeiras menos controladas que os bancos tradicionais. “Sou mais simpático à criação de uma isonomia regulatória que atinja todos os agentes de forma homogênea”, concluiu.

Fonte:Agência Brasil

Gazeta de Varginha

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