Nos últimos dez anos, o Sul de Minas registrou pelo menos 194 casos de feminicídio, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Esses registros abrangem o período desde 2015, quando o feminicídio foi incorporado como qualificadora de homicídio no Código Penal Brasileiro pela Lei n° 13.104. Essa qualificadora é aplicada em casos de assassinatos contra mulheres em razão do gênero, seja por discriminação ou por violência doméstica e familiar. A pena estabelecida para o crime é de reclusão de 12 a 30 anos.
Até agosto de 2024, a região já contabilizou 14 feminicídios. Entre os casos registrados, 8 autores foram presos, 2 continuam foragidos e 3 se suicidaram após cometerem os crimes.
O primeiro feminicídio do ano ocorreu no dia 5 de janeiro em Pedralva, onde Carla Vilas Boas, de 33 anos, foi morta pelo ex-marido, que fugiu com os filhos do casal. Em seguida, no dia 19 de janeiro, Luana Evelyn de Carvalho, de 22 anos, foi esfaqueada em Poços de Caldas, sendo este o único caso do ano já julgado, resultando na condenação do ex-companheiro a 28 anos de prisão.
Em alguns casos, como os de Renizia Aparecida Felizardo, de 64 anos, e Terezinha Maria dos Santos, de 73 anos, não havia registros prévios de violência nos relacionamentos, dificultando a previsão do desfecho trágico. Um caso emblemático foi o de Francislene Cristina Fermino, de 35 anos, e sua filha Beatriz Aline Alves, de 18 anos, que foram brutalmente assassinadas em Itajubá.
Em julho, Luciana Sodré Pereira, de 50 anos, foi encontrada morta com um tiro na cabeça em Elói Mendes. O suspeito, seu ex-marido e tenente do Exército, Gunther Morais, foi posteriormente encontrado morto em uma cela dentro da EsSA, após ser indiciado.
No início de agosto, Adriana Garcia Borges, de 51 anos, foi morta a facadas em Três Corações, mesmo estando sob medida protetiva contra o ex-marido, o autor do crime. O caso mais recente é o de Viviane Claudina Xavier dos Santos, de 43 anos, encontrada com um corte na cabeça no dia 11 de agosto em Maria da Fé.
O Sul de Minas é dividido em três Regiões Integradas de Segurança Pública: a 6ª RISP em Lavras, a 17ª RISP em Pouso Alegre e a 18ª RISP em Poços de Caldas. Desde 2015, os números variam significativamente, com 45 vítimas em 2015, 14 em 2016, 17 em 2018 e um pico de 25 vítimas em 2020, número que se repetiu em 2023, refletindo uma realidade alarmante e uma necessidade urgente de medidas mais eficazes para proteger as mulheres na região.
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