Especialistas alertam para risco de pandemia de gripe aviária e destacam avanços em vacina universal
gazetadevarginhasi
11 de abr.
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O avanço da gripe aviária e o risco de que o vírus venha a causar uma nova pandemia global continuam preocupando autoridades sanitárias. Para a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, é fundamental acelerar o desenvolvimento de vacinas mais eficazes e abrangentes. Uma das principais apostas da comunidade científica internacional é a vacina universal contra todos os tipos de influenza, que tem apresentado resultados promissores.
De acordo com Levi, essa vacina utiliza a tecnologia de RNA mensageiro e inclui o sequenciamento genético de todos os subtipos dos vírus Influenza A e B. Os testes foram realizados inicialmente com antígenos isolados e, em seguida, com as 20 cepas combinadas em testes com furões e ratos. Os resultados indicaram resposta imune robusta, com produção de anticorpos contra todas as cepas por, no mínimo, quatro meses após a aplicação.
Além da aposta na vacina universal, cerca de 20 países já mantêm estoques emergenciais de imunizantes específicos contra o vírus da gripe aviária. No Brasil, os esforços estão concentrados na vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, que apresentou bons resultados em testes com animais. O instituto agora aguarda autorização da Anvisa para iniciar os ensaios clínicos com humanos, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que já iniciou a seleção de voluntários.
Segundo Mônica Levi, é urgente que o Brasil disponha de uma vacina própria, o que evitaria a dependência de laboratórios estrangeiros em caso de uma emergência sanitária. Ela alerta que o vírus da gripe aviária tem alta capacidade de mutação, sendo capaz de se adaptar rapidamente a diferentes hospedeiros.
“Já são mais de 350 espécies infectadas, inclusive mamíferos, como gatos domésticos, registrados na Polônia. E a mortalidade é muito alta porque não temos imunidade contra ele. Se surgir uma mutação que facilite a transmissão entre humanos, o risco de pandemia se concretiza”, afirma.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, de 2003 até março de 2025, foram registrados 969 casos humanos de gripe aviária do tipo H5N1, com 457 mortes — o que representa uma taxa de letalidade de mais de 50%. Ainda assim, a proporção de mortes tem diminuído desde 2015. Neste ano, das 72 infecções confirmadas nas Américas, apenas duas foram fatais — uma nos Estados Unidos e outra no México. Quase todos os novos casos foram identificados em território norte-americano.
As infecções humanas ocorrem após contato direto com animais contaminados. O número de surtos entre aves e mamíferos segue em alta. Entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, foram notificados mais de 900 surtos em aves de criação e mil em aves silvestres — números superiores ao total de ocorrências da temporada anterior inteira, que foi de outubro de 2023 a setembro de 2024.
No Brasil, o primeiro caso de gripe aviária foi confirmado em maio de 2023. Desde então, foram registrados 166 focos da doença: 163 em aves silvestres e três em criações comerciais. Diante da evolução do cenário internacional e do aumento de notificações, o Ministério da Agricultura e Pecuária prorrogou por mais 180 dias o estado de emergência zoossanitária no país.
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