Doações aos Doutores da Alegria Despencam e Crianças Internadas Ficam Sem Acolhimento, Aponta Organização

Foto: Divulgação

Os Doutores da Alegria, uma organização sem fins lucrativos com 30 anos de história que leva alegria a crianças internadas em hospitais públicos, enfrentam uma crise financeira sem precedentes. Dependendo exclusivamente de doações e da Lei Rouanet, a organização viu suas receitas caírem drasticamente de R$ 5,5 milhões para R$ 1,5 milhão neste ano, uma queda de quase 75%. A redução forçou a suspensão de 40% das ações previstas para 2024 em hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, impactando diretamente o atendimento a crianças que esperam pela visita dos palhaços profissionais.

Raphael Santana, de 10 anos, é uma dessas crianças. Diagnosticado com a síndrome de Prune-Belly, uma doença rara que afeta o abdômen e órgãos internos, ele passou a maior parte de sua vida em hospitais, onde encontrou alívio emocional através das visitas dos Doutores da Alegria. Sua mãe, Miriam Santana Silva, descreveu o impacto positivo dessas visitas na vida do filho e expressou preocupação com a possibilidade de interrupção do programa: "É um pouquinho de esperança e de vida que entra."

Os palhaços da organização não são voluntários, mas profissionais especializados em Artes Cênicas e capacitados para atuar em ambientes hospitalares. Cada artista recebe, em média, R$ 450 por apresentação. Com a queda nas doações, os valores pagos aos profissionais sofrerão uma redução de 20% a 30%.

A situação se agravou devido a mudanças na Lei Rouanet durante o governo Bolsonaro, que passou a realizar o financiamento de projetos culturais de forma trimestral, em vez de anual. Esta mudança prejudicou o fluxo de doações contínuas que financiavam a atuação de associações como os Doutores da Alegria. A organização agora pretende lançar campanhas para mobilizar empresas e a sociedade para retomar o nível de doações e continuar sua missão de levar alegria e conforto a crianças hospitalizadas.