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'Dinamitar' Banco Central e algumas outras propostas de Javier Milei na Argentina


Reprodução


"Não vim guiar cordeiros, vim despertar leões."
Foi com esta frase que o candidato à Presidência da Argentina Javier Milei, representante do partido La Libertad Avanza, definiu sua surpreendente vitória no domingo (13/08), nas eleições primárias do país.
O candidato, que se define como libertário, superou as duas forças que governaram o país nas últimas duas décadas: o macrismo (Juntos por El Cambio), que obteve 28% dos votos; e a coalizão peronista-kirchnerista, Unión por la Patria, que obteve 27%.
Mas, embora o resultado seja surpreendente — as pesquisas não davam a ele nem 20% de intenção de votos —, a verdade é que Milei já tinha se tornado um fenômeno político polêmico na Argentina nos anos recentes.
Parlamentar desde 2021, economista e amante de cachorros, Milei tem agitado os debates políticos com propostas como a dolarização da economia, a privatização de estatais e o fechamento (ou "dinamitar", em suas palavras) do Banco Central.
Ele também já anunciou ideias como a permissão à venda de armas e órgãos humanos.
Soma-se a isso sua oposição à legalização do aborto e à educação sobre questões de gênero nas escolas públicas.
O argentino já afirmou que o alinhamento com Trump e Bolsonaro é "quase natural", enquanto o ex-presidente brasileiro manifestou apoio a Milei.
"Conseguimos construir uma alternativa competitiva que não só vai acabar com o kirchnerismo, mas também com a ladra casta política e inútil que existe neste país", disse o candidato, pouco depois do resultado das primárias ter sido divulgado.
Afinal, qual são as propostas de Milei — e as fortes críticas a elas? Confira.

'Dinamitar o
Banco Central'
Foi na economia que a figura de Milei foi impulsionada: formado como economista da Universidade de Belgrano, ele participou várias vezes como analista de economia em programas de televisão.
Nessas participações, ele foi construindo o que é a base de sua proposta econômica: primeiro, a dolarização da economia, imitando o modelo de outros países da região como o Equador.
"Os equatorianos estão muito melhores que os argentinos. Os números do Equador impressionam. A renda multiplicou por dez e a inflação foi pulverizada", disse Milei ao jornal espanhol El País.
Em segundo lugar nas propostas está o fechamento do Banco Central. Milei já defendeu em várias entrevistas que a criação da instituição, em 1935, foi o início de todos os problemas do país.
Terceiro: a redução nos gastos públicos. Nessa linha, Milei quer reduzir o número de ministérios para apenas oito (atualmente são 18 ministérios, sem contar outras agências estatais).
O candidato do La Libertad Avanza propõe a redução dos subsídios às empresas prestadoras de serviços e que o valor da tarifa real seja repassado aos usuários.
Outra proposta é abolir o limite da quantidade de dólares que um cidadão argentino pode adquirir por mês.
Essas propostas, principalmente a dolarização do país e o fechamento do Banco Central, receberam fortes críticas de outros analistas econômicos.
"A proposta de fechar o Banco Central significa voltar a uma discussão já travada há dois séculos", disse o economista Guido Agostinelli ao jornal Página 12.
Agostinelli argumentou que o Estado precisa regular o mercado financeiro para proteger a poupança dos cidadãos e que não existe país desenvolvido sem banco central
"A experiência mais recente em que os depósitos dos poupadores não puderam ser garantidos foi com o corralito [medida de 2001 que determinou o congelamento dos depósitos bancários e limites semanais para saques] de Domingo Felipe Cavallo à frente do Ministério da Economia, o que é hoje justamente reivindicado por toda a ala libertária."

Venda de armas e órgãos
Em várias ocasiões, especialmente durante a campanha presidencial, Milei afirmou ser a favor de que os argentinos possam comprar armas livremente, justificando para isso o aumento de incidentes de segurança em algumas áreas do país.
O candidato já falou também a facilitação para outro mercado: o da venda de órgãos, atividade atualmente proibida.
"Há 7.500 pessoas sofrendo, esperando por transplantes. Tem alguma coisa que não está funcionando bem. O que proponho é procurar mecanismos de mercado para resolver este problema", disse o candidato ao canal de televisão TN.
A proposta foi categoricamente rejeitada por Carlos Soratti, diretor do Instituto Central Coordenador Nacional de Ablação e Implantação (Incucai), órgão que regulamenta a doação de órgãos no país.
"Essas propostas exóticas, que já eram colocadas há um século, hoje são absurdas", disse Soratti em um comunicado.

Fusão dos ministérios
da Saúde e Educação
Dentro da proposta de redução de gastos públicos, Milei tem deixado claro que haverá cortes nas principais áreas sociais: saúde, educação e desenvolvimento social.
Ele quer aglutinar os três ministérios que tratam dessas questões em um só, que se chamaria de "Capital Humano".
Na área da saúde, ele propõe a criação de um "seguro universal", em que os usuários e médicos chegariam a um acordo sobre valores pelos serviços médicos.
No campo da educação, Milei propõe o sistema dos vouchers, no qual a educação não seria nem obrigatória nem gratuita.
"O sistema obrigatório não funciona. Se você quiser estudar, terá um voucher e poderá estudar. O dinheiro que o Estado separa para isso seria dividido entre as crianças em idade escolar e um voucher seria entregue aos pais, para que eles possam escolher a escola que querem para os seus filhos" disse o candidato.
Professora de carreira e atualmente parlamentar, Victoria Morales Gorleri foi uma das pessoas que se manifestaram contra o projeto.
"A educação obrigatória não é uma arma que se coloca na cabeça da sociedade, mas um estímulo essencial para a sobrevivência", avaliou Gorleri.
Fonte: G1


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