Correios têm risco de insolvência com déficit de R$ 2,1 bilhões agravado por 'taxa das blusinhas'
Com um déficit que chegou a R$ 2,1 bilhões no terceiro trimestre deste ano, os Correios pode entrar em estado de ‘insolvência’. A empresa afirmou que deve terminar 2024 com um saldo em caixa em torno de R$ 1,8 bilhão inferior ao observado no ano passado. A justificativa para o cenário, de acordo com o órgão, decorre de dívidas e falta de reajustes herdados do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da implementação da ‘taxa das blusinhas’. O programa lançado no governo Lula (PT) impõe uma cobrança de 20% em compras internacionais acima de US$ 50. Para tentar reverter o cenário, um teto de gastos no valor de R$ 21,9 bilhões foi implementado na estatal e as contratações foram suspensas temporariamente por no mínimo 120 dias. O valor global dos contratos vigentes também serão negociados com redução de no mínimo 10% dos valores bloqueados em 2024 e 2025.
As medidas constam em um ofício assinado pelo chefe do departamento de Orçamento e Custos, Luciano Cardoso Marcolino, e o superintendente Executivo de Finanças, Controladoria e Parcerias, Hudson Alves da Silva. Os documentos foram revelados pelo site Poder 360. O déficit registrado no terceiro trimestre já iguala o pior resultado da empresa, registrado em 2015, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
À reportagem de O TEMPO, a assessoria de imprensa dos Correios afirmou que a atual gestão herdou um prejuízo de cerca de R$ 1 bilhão. O valor, conforme a estatal, foi acumulado no governo Bolsonaro. No período, inclusive, a empresa entrou em processo de privatização, que acabou enterrado em um dos primeiros atos de Lula no Palácio do Planalto, em 1º de janeiro de 2023.
Taxa das blusinhas
Desde 1º de agosto, as compras internacionais de até US$ 50 feitas pela internet por pessoas físicas começaram a ser taxadas em 20%. A iniciativa faz parte do programa Remessa Conforme, estabelecido com foco na atuação de empresas como Shein, Shopee e AliExpress.
De acordo com os Correios, as mudanças impactaram diretamente a arrecadação. “A redução do volume de encomendas internacionais pela entrada em vigor do Programa Remessa Conforme, que trouxe mais transparência, controle e agilidade para a entrada de encomendas importadas, mas por outro lado causou uma queda no fluxo de importações”, destacou a empresa em nota.
Ainda há, conforme os Correios, reverter o cenário em um plano de recuperação robusto com foco em inovação, sustentabilidade financeira, modernização operacional, impacto social e entrada em novos mercados como seguros, conectividade, banco digital e criação de um marketplace.
“Ao mesmo tempo em que adota ações para a recuperação da sustentabilidade financeira da empresa, a atual gestão mantém o investimento no papel social relevante da estatal, com iniciativas no campo da inclusão e cidadania”, acrescentou.
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