Coluna Fatos e Versões com Rodrigo Silva Fernandes - 22/09/2023
Falta de gerador na Copasa faz com que 80 bairros de Varginha fiquem sem água
Não é a primeira vez que isso acontece e não há como calcular os prejuízos para a sociedade, comércio, instituições, poder público etc. Fato é que a Copasa, estatal de saneamento de Minas Gerais, pela falta de investimento na compra de um simples gerador de energia nas principais estações de tratamento deixou, mais uma vez, que dezenas de milhares de pessoas ficassem sem água em Varginha na última segunda (18/09). O restabelecimento somente ocorreu no dia seguinte, 19/09. Um gerador de energia, com funcionamento a gasolina ou mesmo óleo diesel, é um equipamento comum, fácil de comprar, com valores que vão de R$ 4 mil a R$ 100 mil, um valor irrisório perto do grande prejuízo causado pela Copasa com a interrupção do fornecimento de água. Em Varginha todos os hospitais, muitas clínicas, empresas e até residências possuem gerador de energia ou mesmo alternativas como produção própria (fotovoltaicas) como segurança as possibilidades de falta de energia (cada dia mais comuns). Um gerador de energia instalado na estação de tratamento da Copasa poderia continuar bombeando água tratada às residências até que a Cemig resolvesse o problema de falta de energia, ou mesmo minimizaria o problema, visto que muitos geradores podem suportar o bombeamento por até 6 horas, reduzindo assim o período de falta de água nas residências! Não sabemos porque tamanha irresponsabilidade da Copasa, por não investir em equipamentos simples e de baixo custo como geradores para minimizar tais problemas de falta de água por conta do corte de energia nas estações de distribuição. Mais espantoso ainda que nem Câmara de Vereadores nem Prefeitura de Varginha, responsáveis por fiscalizar o convênio do município com a estatal, tenham cobrado da empresa a imediata instalação deste equipamento na cidade para acabar ou minimizar a falta de água. Seria falta de competência, interesse, desconhecimento ou tudo isso junto?
Planejamento e abusos
O desenvolvimento da cidade e a valorização imobiliária transformaram a Avenida Otávio Marques de Paiva numa das vias mais valorizadas e movimentadas de Varginha. Principalmente nos finais de semana milhares de veículos passam pela via em decorrência do movimento do Shopping Via Café e dos muitos bares, restaurantes e comércio da via e entorno. Contudo, a avenida margeia um córrego que vem recebendo cada dia mais volume de água e merece atenção do governo quanto ao planejamento futuro da região. Somado a isso tudo, temos que muitos motoristas “abusados costumam fazer gracinhas no volante, fazem uso de álcool ou mesmo são roda dura mesmo” e acabam por provocar acidentes. A avenida Otávio Marques de Paiva já registrou acidentes que vão de colisões, desrespeito a sinalização, avanço de sinal e até mesmo veículo que caiu no córrego que margeia a avenida. Cabe ao Poder Público, claramente o Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), bem como a Polícia Militar e/ou Guarda Municipal fazerem respectivamente, a correta manutenção da via e sua sinalização, bem como a fiscalização do local e acabar com os abusos no trânsito que colocam em risco a vida de muitas pessoas que passam pela via e adjacências.
Maquiagem eleitoral?
A coluna defende que é uma manutenção preventiva e sábia para manter em funcionamento estruturas importantes para a cidadania e participação popular. Mas a quem diga que o contrato nº 124/2023, datado de 21/08/2023, referente a licitação nº 156/2023 seja meramente uma obra política com a intenção de “conquistar lideranças populares frente às eleições de 2024”. O contrato tem como objeto a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de manutenção Predial preventiva e corretiva, com fornecimento de mão de obra, equipamentos e ferramental necessários para atender às necessidades (de manutenção) dos Conselhos Comunitários de Varginha. Será que, não fossem as eleições de 2024 e o governo estivesse com um candidato oficial “morno e meia boca” tais benefícios estariam ocorrendo para os conselhos comunitários? Não sabemos! A obra é necessária: Sim! A conservação e manutenção da estrutura dos conselhos não deveria ser uma prioridade e responsabilidade da comunidade onde tais estruturas estão? Sim, afinal, se a comunidade não zela e cuida do próprio conselho comunitário local, de nada vai adiantar o governo gastar recursos com comunidade sem “consciência pública e espírito de participação e melhoria da comunidade local e da cidade como um todo”. Será que a Prefeitura de Varginha mantém diálogo permanente com os conselhos comunitários e colabora para a formação de lideranças locais e resolução dos problemas trazidos pelos conselhos, a fim de estimular a participação popular em tais estruturas sociais? Não se sabe! Alguém arriscaria pesquisar quantas vezes neste mandato o “candidato chuchu oficial” esteve num conselho comunitário ouvindo a população e resolvendo problemas cotidianos das comunidades”?
Mais um mimo?
O diário oficial de 06 de setembro trouxe a publicação do edital de licitação nº 248/2023, cujo objeto constitui-se da aquisição de placar eletrônico em painéis de Led. Na publicação não é informado se o referido equipamento será instalado no Estádio Municipal Melão ou em outra estrutura pública. Mas caso o sofisticado e caro equipamento seja instalado no Melão, será que vai acabar sendo mais um “mimo dado ao Boa Esporte com dinheiro público”? Afinal o Boa Esporte utiliza quase com que exclusividade um bem público que pertence a toda sociedade! Ou o time vai permitir que outras equipes e atletas amadores possam também utilizar o Estádio Melão?
APP municipal?
A UBER foi uma boa alternativa para o transporte caro e sem qualidade da maioria dos táxis que atuam no Brasil. O Ifood também foi a alternativa para quem precisa de comida com qualidade e preço em muitas localidades. No diário oficial de 06 de setembro foi publicada uma contratação curiosa que vamos acompanhar de perto. Trata-se do contrato nº 125/2023, datado de 25/08/2023. No referido contrato o município de Varginha pretende contratar empresa especializada em serviços de tecnologia da informação, na forma de serviços continuados, para a prestação dos serviços de implantação e customização de um aplicativo de gestão pública municipal integrado a plataforma digital composto por funcionalidades: seria um aplicativo (APP) municipal? Vamos poder reclamar da burocracia pública por aplicativo? Será que dá para fazer reserva de vaga em escola municipal ou agendar atendimento na UBS pelo celular? Vamos poder verificar quando o ônibus do transporte coletivo vai passar na minha rua ou informar quando a lâmpada do poste estiver queimada por meio digital? Ou será apenas mais um projeto megalomaníaco para “florear o governo em período pré-eleitoral e gastar dinheiro público sem resultado prático”? A conferir
Contraditório
A coluna divulgou na semana passada nota em que apontava informações da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Varginha – ACIV. O presidente da entidade, Anderson Martins entrou em contato com a coluna para apresentar sua visão sobre o momento vivido pela entidade. Anderson Martins comanda a entidade há 7 anos, e na sua visão a ACIV não passa por momentos difíceis, “pelo contrário, nunca se desenvolveu tantos projetos”, segundo o presidente. A ACIV possui cerca de 650 associados, todavia Martins diz que (tendo em vista o momento) é um número adequado, pois “a entidade passou pela pandemia, crises econômicas e seus reflexos e não perdeu associados nem recursos em caixa (cerca de R$ 200 mil neste momento). Martins tem se dedicado a palestras e consultorias sobre gestão e no comando da ACIV desenvolveu projetos como “Casa do Papai Noel, Estacionamento Aciv, Varginha Fashion Day, Aciv Jovem entre outros”. Segundo o presidente, em sua gestão “a entidade resgatou a proximidade com os poderes públicos municipais”. Todavia, o presidente Anderson Martins disse não ter informações detalhadas sobre o projeto de concessão da Área Azul, principal projeto do governo para tentar resolver a falta de vagas de estacionamento no centro da cidade, um problema crônico do comércio. Várias falhas no edital foram apontadas e a empresa vencedora enfrenta irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas. Anderson Martins disse que parte de sua diretoria não é participativa como gostaria, mas que segundo avaliações junto aos cerca de 650 associados, sua gestão teria recebido nota 8,3 pelos trabalhos desenvolvidos. A ACIV vai passar por eleições no final deste ano e Martins disse que “não descarta tentar mais uma reeleição, mas preferiria que houvesse uma chapa única”. Estariam também na disputa pelo comando da ACIV os empresários João Maiolini e André Yuki, ambos integrantes da atual diretoria.
Números do Comércio em Varginha e região
A ACIV possui atualmente cerca de 10 funcionários e não conseguiu concretizar o projeto de comprar/construir uma nova sede própria, conforme planejado por esta gestão. Fica claro que a entidade passa por um momento de disputa interna e precisa de uma pacificação para o necessário fortalecimento do comércio. Afinal, mesmo com a pandemia, de 2018 para 2023 o comércio cresceu em Varginha, mas, sua representatividade não avançou na mesma proporção, visto que a ACIV mantém-se com a média de 600 a 700 associados. Vejam algumas comparações, a Associação Comercial de Poços de Caldas possui 1.200 associados, já a Associação Comercial de Pouso Alegre possui 1.700, na vizinha Elói Mendes, a Associação Comercial possui cerca de 2.300 associados o que mostra claramente que em Varginha a representatividade da ACIV junto ao Comércio é menor que suas congêneres na região. A baixa participação dos comerciantes da cidade junto a sua legítima entidade representativa é algo que deveria preocupar o comércio. Afinal, na medida em que os comerciantes não participam, se fortalecem e unificam em torno de sua principal entidade, o comércio fica enfraquecido, indica que algo não vai bem! Sabemos do trabalho e dedicação de empresários como Anderson Martins, bem como João Maiolini e André Yuki, mas é preciso que outros muitos somem-se a eles, de preferência sem disputas ou querelas políticas institucionais e classistas. Fato é que a ACIV, nos 100 anos que está prestes a comemorar precisa cada dia mais de pacificação e união. Num cenário em que, aparentemente, Anderson Martins não estará na disputa pela reeleição, João Maiolini e André Yuki precisam somar forças. Por certo que o comerciante precisa verificar a folha de serviços prestados por cada um, identificar e aprimorar o projeto apresentado por cada possível candidato, conferir sua história dedicada ao setor e convencer os líderes à união pelo fortalecimento. Será que haverá maturidade política para esta importante entidade de classe de nossa cidade? Ou os 100 anos da ACIV podem ser “mais preocupantes do que comemorativos”?
Ânimos à flor da pele
A coluna recebeu documentos que apontam a troca de denúncias e acusações entre os grupos de vereadores governistas e de oposição. As denúncias já teriam chegado ao Ministério Público e isso é apenas o começo de investigações que seguem e podem comprometer, inclusive o governo. Ocorre que a estrutura administrativa da Câmara de Varginha, alvo de algumas das denúncias, não é diferente da estrutura administrativa do Executivo municipal, que aliás é bem maior. Além disso, percebe-se claramente um “despreparo de alguns edis que não possuem firmeza de posição ou conhecimento técnico e jurídico para argumentar frente ao MP ou a Justiça, o que pode resultar na descoberta de muita coisa oculta, quando de eventuais audiências perante as autoridades”. Por sorte que a Justiça e por vezes o MP são por demais lentos nas ações, o que implica na mudança da configuração do Legislativo e do Executivo quando da finalização das investigações. Afinal teremos eleições municipais ano que vem e as apostas são de muitas mudanças no Legislativo, bem como no comando do Executivo, visto que Verdi Melo não pode mais ser reeleito. A animosidade entre alguns dos vereadores é claramente vista nas reuniões onde a liturgia da casa legislativa “mascara mas não impede que seja percebida a distância e antipatia entre os grupos rivais”. A lealdade de muitos dos edis vai depender diretamente da perspectiva (ainda pequena) de sucesso eleitoral do candidato governista ou mesmo da perspectiva do próprio sucesso eleitoral de cada vereador em 2024, visto que no final, cada um preocupa-se primeiro com sua própria reeleição e permanência no poder, e depois pensam nos conchavos de grupo. A conferir!
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