Coluna Fatos e Versões com Rodrigo Silva Fernandes - 22/03/2023
Antes tarde que nunca
A Câmara Municipal de Varginha publicou, no diário oficial de 09/03, a Resolução 04/2023 que aprova a prestação de contas do Município de Varginha, referente ao ano de 2015, quando da gestão do ex-prefeito Antônio Silva. O resultado chega em 2023, oito anos após a execução do orçamento analisado, depois de passados dois mandatos, sendo que atualmente o prefeito nem é mais Antônio Silva e sim Verdi Melo, que inclusive já está na reeleição! Por sorte que as contas foram aprovadas, pois caso não fosse, a esta altura, pouco poderia ser feito na defesa do dinheiro público, tendo em vista o longo tempo que as Câmaras Municipais e os Tribunais de Contas dos estados levam para dar resposta a uma simples prestação de contas. Deve ser porque tanto Câmaras Municipais como Tribunais de Contas têm muito serviço a fazer, não é verdade?! Dá até dó!
Segurança Pública
Na terça-feira (14/03) foi realizada uma audiência pública na Câmara de Varginha para discutir a questão da Segurança Pública no município. A reunião contou com a presença de vereadores, do comandante do 24º Batalhão da Polícia Militar (PMMG), Tenente Coronel Rodrigo Afonso, o comandante do policiamento ambiental, Tenente Túlio, o representante do 9º Batalhão do Corpo de Bombeiros, Tenente Oliveira e do diretor da Guarda Municipal (GCM), Marcos Cléber Sales. Durante cerca de duas horas as corporações mostraram os dados da segurança pública de Varginha a apresentaram as demandas necessárias para melhorar os índices. Foi informada a redução de alguns índices de violência na cidade, contudo, todas as corporações destacaram a necessidade de investimentos e melhorias. Todavia, um detalhe importante foi observado por quem participou do evento, bem como pela coluna em outras oportunidades, é que as instituições de segurança que atuam em Varginha raramente trabalham em conjunto. Praticamente não existem trocas de informações e ou operações conjuntas para combater o crime. Vale destacar, ainda, que a Polícia Civil não se fez presente no evento. No caso do Projeto de Videomonitoramento da cidade, inicialmente criado pela Guarda Municipal e depois passado à Polícia Militar, percebe-se que ainda existe distância operacional entre PMMG e GCM. Os equipamentos foram comprados pela Prefeitura de Varginha, contudo a GCM perdeu o protagonismo no videomonitoramento da cidade e não tem articulado junto a Polícia Civil para resolver crimes como os roubos em escolas públicas ou depredações em patrimônio municipal como as academias de rua. Já a Polícia Militar pouco atua em conjunto com a Polícia Federal, que possui delegacia na cidade. Trocando em miúdos, todas as instituições querem mais recursos públicos para atuarem cada um em seu quadrado. O desafio do Legislativo e Executivo é convencer as tropas de que juntos são mais fortes e eficientes contra o crime e podem conseguir mais investimentos dos governos.
Varginha no Governo Estadual
O empresário varginhense Bruno Araújo, que foi candidato a deputado estadual pelo Partido Novo, foi nomeado na semana passada como subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo de Minas comandado por Romeu Zema, também do Partido Novo. Bruno Araújo é uma das lideranças da legenda em Varginha e foi prestigiado pelo governador, como já era esperado. Na semana passada o novo subsecretário esteve em Varginha e Poços de Caldas, já como integrante do Governo de Minas, para falar do Programa Compete Minas. O Compete Minas é um programa de incentivo à inovação tecnológica da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, em parceria com a Fapemig, com o apoio da Fiemg, Faemg, Fecomércio, Ocemg e do Sebrae. O objetivo é facilitar o acesso a recursos públicos de apoio à inovação, promover a criação de produtos e processos inovadores, incentivar parcerias entre as empresas, cooperativas e startups para o desenvolvimento tecnológico e, com isso, aumentar a competitividade das empresas mineiras.
Varginha no Governo Estadual - 02
Bruno Araújo é uma recente liderança local que vem abrindo espaço entre a velha guarda da política de Varginha. O subsecretário tem boas ideias e parece querer ampliar seu grupo político local, todavia, a exemplo do governador Romeu Zema, tem suas limitações em razão do Partido Novo que começou a vida política com restrições a outras legendas e figuras públicas tradicionais. Depois que ganhou as eleições, muitos dos discursos do Partido Novo tiveram que cair por terra, como o não uso do fundo eleitoral, pagamento de jetons a secretários ou mesmo a utilização de aeronaves do governo por parte do governador Zema. O Partido Novo e seus integrantes estão amadurecendo a cada dia, errando e acertando. O novo subsecretário precisa amadurecer politicamente, como ocorre com Zema, mostrar trabalho e construir pontes com outras lideranças e partidos se quiser prosperar na política local. Precisa começar se fortalecendo em Varginha, sua base política, para que possa ter raízes fortes a garantir voos regionais e estaduais. “Árvores sem raízes fortes e profundas, são as primeiras a cair quando dos vendavais”.
Reordenamento político
A coluna teve informações de que foi sacramentado o “descolamento político” do Partido Progressista (PP) com o atual governo Verdi Melo. Isso não significa que a legenda fará oposição automática ao governo, mas sim que o Partido Progressista não apoiará o candidato de Verdi em 2024, podendo inclusive, lançar nome concorrente ao candidato oficial ou apoiar outros nomes fora da base atual do governo. Nos bastidores a informação é que o não apoio por parte do Governo municipal aos candidatos do PP nas eleições de 2022 foi o estopim da discórdia. A relação piorou depois que o secretário municipal de Governo Carlos Honório Ottoni Júnior (Honorinho - PTB) foi candidato a deputado estadual e patrocinou a vinda de novos candidatos a deputado federal em concorrência ao nome local do PP. A gota d’água que culminou com o distanciamento da legenda teria sido a articulação liderada pelos vereadores do Partido Progressista e aliados para eleger Apoliano Rios como presidente da Câmara, impondo assim, a derrota ao candidato do PTB, apoiado por Verdi Melo. Depois disso, o governo municipal iniciou uma sistemática demissão de ocupantes de cargos de confiança ligados ao Partido Progressista local, que teria sido orquestrada pela Secretaria de Governo com o aval do próprio prefeito. Atualmente, a relação do prefeito Vérdi Melo com o deputado federal Dimas Fabiano (PP) é praticamente protocolar e não se acredita que isso mude até 2024. Já os vereadores do Partido Progressista em Varginha e seus aliados, nos bastidores, estão sendo “pressionados e alvos de tentativas de cooptação para aderirem ao governo. Aqueles que não se submetem, estariam sofrendo retaliações políticas com a diferenciação no tratamento por parte do Executivo”.
Reordenamento político – 02
Lideranças do Partido Progressista já conversam abertamente com figuras políticas descontentes com o governo municipal, algumas inclusive, da base de apoio de Verdi Melo. Não é mistério que o maior desafio deste governo era manter a unidade da ampla base que elegeu Verdi, foram 14 legendas, sendo que muitas ficaram “descontentes com o espaço ocupado na administração”. Já na oposição local, sempre fraca e insossa depois que o Partido dos Trabalhadores perdeu força, a chegada de descontentes que desembarcam do governo pode significar força nova para recriar uma oposição forte e eficiente, inclusive no Legislativo. Tudo ainda é muito recente na relação Governo/PP e esperava-se que o prefeito fosse “contemporizar a briga entre Dimas e Honorinho e finalizar o governo com a base unida depois das eleições de 2022, todavia, orientado por seu secretário de Governo, Verdi parece que tornou-se um dos incendiários da relação com o partido aliado”. A oposição amadora e fraca atualmente existente na cidade, composta por partidos nanicos e lideranças sem base popular pode ganhar muito se o Partido Progressista decidir por liderar um movimento independente para construir um projeto de desenvolvimento para o município pelos próximos anos. A criação de um fórum de diálogo entre legendas, lideranças populares, instituições privadas e sociedade para discutir a cidade e novos caminhos de desenvolvimento, seria um ambiente fértil para a criação de novas lideranças políticas, necessárias para a melhoria da cidade, ainda mais porque o atual governo não possui lideranças fortes para suceder a Verdi Melo.
Reordenamento Político – 03
A coluna está aqui a traçar probabilidades depois da consumação do rompimento entre o governo e a principal legenda de sua base de apoio. O Partido Progressista local tem o comando da Câmara de Varginha, um deputado federal com forte atuação na cidade, além de estruturada base partidária com participação de lideranças populares o que serviria para estruturar a construção de uma oposição organizada, eficiente e com chance de construções vitoriosas em 2024, ainda mais se a base de apoio ao prefeito Vérdi Melo continuar se fragmentando. Neste caso, o primeiro movimento político que veríamos seria a aproximação de legendas como PP, PSB, PDT entre outras com desejo de lançar candidato em 2024 e atualmente distantes do governo municipal. O segundo movimento natural, que confirmaria o descolamento definitivo do governo com o PP, seria a desfiliação do vice-prefeito Leonardo Ciacci (PP), que está desgastado na legenda e atualmente não tem apoio interno para ser o nome de sucessão a Verdi em 2024. Acredita-se que, a essa altura, Ciacci não tem mais como recuperar a confiança de Dimas Fabiano e do PP local, bem como também não teria apoio de Verdi e seus aliados próximos para ser candidato a prefeito em 2024, mas poderia continuar como vice. Neste caso, por outra legenda diferente do PP, que não estaria no arco de apoio ao candidato governista em 2024. Vale ainda dizer que legendas tradicionais como MDB, PSDB seriam valorizadas pois poderiam fazer a diferença no confronto eleitoral de 2024. Já o Partido Novo, legenda iniciante no tabuleiro político, também ganharia peso tendo em vista o governo estadual de Zema, que certamente poderia não declarar apoio a nenhum candidato local, para não melindrar a relação com os partidos aliados na ALMG. Embora o governo Verdi Melo esteja construindo forte relação política com o governo estadual, legendas como o PL, União Brasil e PP terão forte influência para boicotar/segurar apoios de Zema no interior, ainda mais em cidades estratégicas como Varginha. Zema tem sido orientado a manifestar apoio em 2024 apenas em disputas onde exista a certeza da vitória do escolhido, ou quando não comprometer a relação com nenhuma das legendas aliadas na Assembleia, o que não é o caso de Varginha.
O retorno de Natal Cadorini
Lideranças do PDT estão animadas com o provável retorno de Natal Cadorini às urnas em 2024, o que pode mudar as negociações no mundo político local. Ex-prefeito de Elói Mendes (dois mandatos) e ex-candidato a prefeito em Varginha, o empresário e ex-funcionário da Copasa, Natal Cadorini tem um discurso popular e direto. Embora não tenha muitos recursos financeiros, tem obras a gestão aprovada na cidade de Elói Mendes para comprovar sua atuação política. Cadorini havia sido afastado do meio eleitoral em razão de restrições da Justiça Eleitoral que o impediram de se candidatar na eleição passada. Agora liberado pela Justiça Eleitoral para candidatar-se em 2024, há expectativa é que o PDT participe ativamente de negociações políticas e o domicílio eleitoral de Natal continua em Varginha. O PDT possui bom diálogo como outras legendas municipais como MDB, PP e PSB entre outras.
Foi só elogiar...
A coluna parabenizou o governo municipal quando da decisão de conceder outorga de concessão para implantação, operação, manutenção e gerenciamento do sistema de estacionamento rotativo de veículos nas vias públicas de Varginha. Na prática o projeto entrega à iniciativa privada a “problemática Área Azul, para que profissionais do mercado façam investimentos, melhorem e controlem a área, disponibilizando mais vagas e contribuindo para o trânsito”. Todavia, foi só elogiar a modernização da medida adotada para que o governo municipal anulasse a licitação nº 001/2023 que tratava sobre o tema. Não sabemos o porquê da anulação do processo licitatório, mas esperamos que a ideia da concessão da outorga não seja esquecida pois o governo não tem experiência nem excelência para administrar estacionamento, além de ter outras prioridades.
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