Ta registrado
A internet e os bilhões de gigas de informações que chegam à rede todos os dias formam um acervo gigante de informações e muitos registros que em época eleitoral viram uma “armadilha” para muitos candidatos que saem por aí falando o que querem. Por vezes, acabam por ter que ouvir o que não querem! Assim diz o ditado, não é mesmo?! No caso, a bola da vez foi o candidato a prefeito Zacarias Piva (PL), que nas muitas falas de campanha eleitoral tem criticado o governo municipal e o candidato a vice-prefeito Antônio Silva. A campanha eleitoral de Zacarias tem insinuado que Antônio Silva teria abandonado Varginha no início da pandemia, quando renunciou ao cargo de prefeito, e agora é candidato a vice de Leonardo Ciacci (PSD). Contudo, circula pelas redes sociais arquivo de vídeo da internet em que o então vereador Zacarias Piva (PL) destaca o trabalho, dedicação e seriedade de Antônio Silva em sua gestão à frente da cidade. No vídeo, Zacarias Piva ainda destaca o suposto abandono que o então prefeito Antônio Silva teria sofrido por parte das demais autoridades no Legislativo, Ministério Público, entre outros que teriam resultado na renúncia do agora candidato a vice-prefeito. Na verdade, Antônio Silva sabe que tem que explicar melhor os motivos de sua renúncia do passado recente e agora sua tentativa de retorno à política. Isso já estava previsto na preparação de sua campanha atual. O que não estava previsto é a desfaçatez de candidatos adversários que possuem um discurso agora na campanha e foram desmascarados pelo registro histórico da internet. Ou seja, ficou claro que Piva estaria “se contradizendo, podendo ser confundido como oportunista agora ao criticar Antônio Silva neste momento de disputa política eleitoral, ou foi falso no passado recente, quando rasgou elogios a Antônio Silva que deixava a Prefeitura”. De qualquer forma, a “vergonha alheia de Piva pode ser maior que o abandono de Silva”. A conferir!
Saneamento Básico e a Pobreza Eleitoral de 2024
Um dos problemas que a população enfrenta e parece não ter fim é a ineficiência da Copasa na cidade. Nesta semana mais bairros registraram falta de água. O desabastecimento, principalmente em períodos de estiagem, é algo comum em Varginha, gestão municipal após gestão municipal. A Copasa está aquém dos investimentos prometidos na cidade e parece que nenhuma das últimas gestões municipais tiveram a coragem de fiscalizar com rigor e punir a empresa, não se tem registro de multas aplicadas ou reembolso por parte da Copasa nos muitos prejuízos trazidos pela falta de água pela cidade. Este problema precisa ser debatido neste período eleitoral. Ocorre que os candidatos estão correndo do debate público e quem tem poder de fiscalizar não o faz, e quem promete fazê-lo, já poderia ter feito e nada faz. Parece que, mais uma vez, temas importantes como investimentos em saneamento básico vão ficar de fora do debate político. Realmente estamos vivenciando uma das eleições municipais mais pobres das últimas décadas. Pobre na qualidade do debate político, pobre na apresentação de propostas, pobre na qualidade dos concorrentes, mas muito rica nos gastos do Fundo Eleitoral bancado com recursos públicos, basta ver que os três candidatos informaram que podem utilizar o máximo permitido nos gastos. Isso é o Brasil!
Salto alto, ódio e despreparo
A coluna já registrou que nos bastidores políticos existe a percepção de que o candidato do PSD já estaria “eleito prefeito”! Mas existe uma preocupação, mas não apenas pelo salto alto, e sim pela baixa qualidade do diálogo político e propostas apresentadas nesta eleição. Não diria que o candidato do PSD vai ganhar, mas sim que os candidatos do PL e PV perderão feio esta eleição e toda a cidade perdeu novamente a chance de discutir temas importantes e firmar compromissos sérios com a próxima gestão. Isso tudo porque os pouco qualificados candidatos que se apresentaram não estão apresentando propostas para a cidade. O “queridinho do mercado” está passeando pela cidade dando tapas nas costas e distribuindo sorrisos. O “revoltado do mundo eleitoral” está sem tempo para apresentar propostas, prefere distribuir críticas e não comparece a debates. Por fim, o candidato “pego no laço de última hora” para disputar a Prefeitura de Varginha, “parece que o faz sem querer, sem propósito, sem organização e profundidade política”. Que pena da próxima legislatura municipal. Corre o risco de encontrar pessoas despreparadas, com um caixa cheio e um monte de frustrações de eleitores no futuro! A cidade toda pode estar perdendo!
Caixa gordo
A cada semana a leitura do Diário Oficial se mostra mais cobiçada pelos políticos que estão nos bastidores do governo. Pelo menos aqueles que conhecem as entranhas do poder. Isso porque são diversas as publicações de “créditos adicionais suplementares e excessos de arrecadação em diversas áreas da gestão pública municipal”. Tais registros financeiros significam que o Governo Municipal vem recebendo recursos extras provenientes de repasses a maior do governo estadual e federal, bem como vem arrecadando valores maiores na receita de impostos municipais. Contudo, ao invés de vermos a provisão de recursos ou a maior eficiência dos gastos, o que temos visto são “porteiras abertas e fiscalização míope”. Por certo que não se darão a devida atenção para tal alerta, mas em algum momento este “vacilo vai se mostrar muito prejudicial a cidade e os poucos (i)responsáveis pelas falhas serão identificados”. Neste momento, mais importante do que descobrir “quem assaltou a casa, será identificar quem segurou a escada. Nesta hora veremos nomes conhecidos do mundo político”.
36 anos de erros, acertos e comparações
O Hospital Bom Pastor completou recentemente 36 anos. A instituição comemorou a data discretamente com evento interno, sem muito alarde. O Hospital Bom Pastor é a maior estrutura pública de saúde, genuinamente municipal, embora receba alguns recursos de origem estadual e federal. Ao longo de sua história o Hospital Bom Pastor realizou enorme serviço público de saúde em benefício da sociedade de Varginha e de centenas de outras cidades, muito em razão do Centro de Oncologia do Hospital que atende todo Sul de Minas. A atuação da estrutura pública municipal de saúde foi importante em momentos como a pandemia e também na melhoria (lenta e) gradual na saúde da população local de forma geral nestes 36 anos. Todavia, o Bom Pastor também cometeu erros como o gasto excessivo e falta de planejamento de sua expansão. O dito Hospital da Criança demora a ser 100% concretizado, sem falar que a expansão do complexo hospitalar fica cada dia mais cara porque a Prefeitura de Varginha não planeja o crescimento da saúde pública pelas décadas adiante, o que força o município a ter gastos de desapropriações e novas estruturas que poderiam ser realizadas gradualmente, planejada e de forma mais econômica. Contudo, nos bastidores da saúde municipal e entre os gestores que passaram pela área, uma comparação sempre é feita: os gastos e atendimentos dos Hospitais Bom Pastor e Hospital Regional. Enquanto o Hospital Regional possui cerca de 200 leitos e consome determinado orçamento da Prefeitura de Varginha, o Hospital Bom Pastor possui menos da metade disso, e impõe gastos bem maiores para a Prefeitura de Varginha! Mas qual a diferença entre os hospitais? Gestão, qualidade do serviço, eficiência dos gastos? Não sabemos, mas antes de acharmos que o Bom Pastor gasta muito ou que o Regional gasta pouco, é preciso verificar que no Hospital Humanitas Unimed, que possui gestão privada, o gasto per capta por leito é muito menor que no Hospital Regional e ainda menor que no Hospital Bom Pastor. Ou seja, na verdade, tanto Hospital Regional quanto Bom Pastor precisam de mais eficiência nos gastos. A questão é que o Bom Pastor tem “pai rico (Prefeitura de Varginha), já o Regional é o enteado chato que só recebe dinheiro do padrasto (Prefeitura de Varginha) quando reclama e ameaça”. E vamos em frente por mais 36 anos, enquanto o Pai Rico tiver dinheiro para bancar os dois filhos (um legítimo e outro nem tanto). Será que um dia teremos um modelo de gestão que dê ao Hospital Bom Pastor e ao Hospital Regional o mesmo padrão de qualidade de serviços e eficiência nos gastos dos hospitais privados?
Parentescos e peixadas
Quem lê o diário oficial municipal fica surpreso como que alguns sobrenomes aparecem com frequência em cargos estratégicos dos mais variados órgãos públicos que atuam em Varginha. Ocorre que o Diário Oficial do Município que costuma fazer publicações legais de forma gratuita a muitos órgãos públicos e instituições da cidade, (o que não sabemos se é legal e comercialmente correto), permite ao leitor a possibilidade de verificar que muitos dos sobrenomes das principais famílias políticas da cidade aparecem em cargos estratégicos. São conselhos, departamentos públicos, instituições públicas e Organizações Não Governamentais (que recebem dinheiro público), sem falar nas áreas do próprio poder Executivo, Legislativo e até Judiciário. Muitos destes cargos são de livre nomeação, por vezes, nomeados por prepostos de um político parente próximo. O Ministério Público, que prega estar atento a bizarrices administrativas no poder público, parece que não tem tempo para fiscalizar em Varginha. Os membros da instituição recebem salários tão polpudos que preferem gastar seu tempo em viagens, compras e outras coisas mais aprazíveis que a fiscalização da lei.
Medo do questionamento
Conforme promove em todas as eleições municipais a quase 20 anos, a Coluna Fatos e Versões em parceria com o Portal Varginha Online, vem realizando entrevistas com os candidatos a prefeito de Varginha a cada 4 anos. Estas rodadas de entrevistas ao longo destes anos todos, serviram para esclarecer os leitores, internautas e principalmente os eleitores de Varginha, sobre a proposta de governo de cada candidato. Além disso, o espaço aberto pela Gazeta e pelo Varginha Online é uma oportunidade para todos os candidatos que têm o que apresentar ao povo e confiam no projeto de desenvolvimento que propõe para a cidade. Além disso, aqueles candidatos que não tem o que esconder do eleitor, participaram das entrevistas que já realizamos a quase 20 anos, sempre com imparcialidade e foco no desenvolvimento da cidade. Neste ano de 2024, conforme temos visto nas muitas campanhas municipais Brasil afora, é grande a cobrança e insatisfação do eleitor, bem como, pouca participação dos candidatos em debates ou mesmo grande desrespeito e troca de ofensas e nenhuma proposta por parte dos políticos quando participam de algum debate. A campanha eleitoral da maior cidade do Brasil, São Paulo, ilustra bem o que diz a coluna. Em Varginha temos candidato que apenas questiona, ofende e nada apresenta, temos aquele que apresenta propostas insanas sem condições de execução, bem como temos aquele que foge do debate e das entrevistas. Neste sentido, depois de tentar, por diversas vezes, agendar entrevistas com os três candidatos a prefeito de Varginha, Zacarias Piva (PL), Fabiano Almeida (PV) e Leonardo Ciacci (PSD), a Coluna não teve sucesso neste agendamento. Os candidatos alegam não ter agenda, não retornam as consultas de agendamento ou mesmo agendam e não comparecem, o que mostra a falta de compromisso, organização ou mesmo interesse em apresentar alguma proposta ao eleitor.
Medo do questionamento – 02
Diante do impasse e para não deixar nossos leitores e internautas sem informações importantes para a escolha do melhor candidato em 2024, já que os candidatos “estão correndo do questionamento jornalístico”. A Coluna Fatos e Versões e o Portal Varginha Online, vão realizar neste final de semana uma mesa redonda com 5 autoridades locais para debater o plano de governo de cada um dos candidatos. Entre as personalidades que serão ouvidas pela coluna estão um economista com experiência na análise de dados econômicos e administrativos das principais cidades do Sul de Minas, um engenheiro e líder classista que participou ativamente da construção do Plano Diretor de Varginha, um administrador público experiente que já passou pela Prefeitura de Varginha e conhece também a Saúde pública local, além de um cientista político conhecedor do quadro eleitoral de Varginha, e por fim, um empresário e líder do comércio local, que conhece bem as necessidades do setor. O grupo vai debater o plano de governo dos candidatos, falar sobre as propostas de cada um, bem como a aderência do plano de governo apresentado junto a parcela da sociedade que representa. A criação deste novo modelo de entrevista deveu-se à recusa e dificuldade de entrevistar propriamente os candidatos, ou mesmo a desigualdade na eventual entrevista de apenas um nome dos três candidatos que disputam o Poder Executivo na cidade. Por certo que este novo modelo de análise política e técnica das propostas vai ser novidade para o eleitor, mas já se mostra uma vergonha para os próprios candidatos, que pelo visto não tem o que apresentar ao povo.
RODRIGO SILVA FERNANDES é advogado e
articulista político da Gazeta e escreve as quartas
e sextas. Email: Rs.fernandes@fiemg.com.br
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