Todos (quase) iguais
Conforme a coluna já havia “cantado a pedra” as eleições municipais estão promovendo desigualdades e brigas internas nas campanhas eleitorais, não bastasse a briga e disputas já existentes entre os grupos políticos. Ocorre que dentro das federações e mesmo nos partidos, existem muitos candidatos descontentes porque não tiveram apoio financeiro “adequado, enquanto que outros nomes, tiveram altos aportes de fundo partidário eleitoral e podem não ter resultado eleitoral nas urnas”. Isso porque o fundo partidário eleitoral para as eleições municipais foi abastecido com mais de R$ 5 bilhões de reais de recursos públicos para os partidos gastarem sem a menor transparência, razão da briga secreta local. Tem candidata à reeleição que nada ganhou de apoio financeiro do partido ou do fundo eleitoral. Enquanto que outra candidata, que nunca ganhou eleição, recebeu R$ 65 mil de apoio eleitoral da legenda. O mesmo ocorre com as campanhas majoritárias, tem partido que ajuda muito um candidato e não dá nada para outro, que até tem mais chances de vitória. Quando vemos a desigualdade nas federações partidárias, comprovamos que a falta de transparência e critérios técnicos é ainda maior. Já era certo que alguns “medalhões políticos” teriam tratamento diferenciado na distribuição do fundo eleitoral, mas não se esperava uma desigualdade tão grande assim. Vale dizer que boa parte da orientação e direcionamento dos recursos do fundo partidário das legendas é orientada pelos deputados de cada partido. Logo, não é mistério que os candidatos ligados a deputados tenham “preferência”. Mas é certo também que, com o sentimento de revolta que nasce em dois grupos políticos locais, por conta da desigualdade na distribuição dos recursos públicos, vai ter deputado com perda de apoio em 2026. A conferir!
Todos (quase) iguais – 02
Vale também destacar que há indícios de insatisfação entre candidatos a vereador na chapa liderada pelo PL. Os candidatos a vereador não são vistos em massa nas ruas nas ações de campanha do candidato a prefeito. Grande parte dos candidatos a vereador liderados pelo PL tem preferido fazer campanhas individualmente, do que na companhia do candidato a prefeito e sua vice! Qual a explicação para isso? Será que tais candidatos a vereador não estariam aprovando a linha de atuação da candidatura majoritária? Será que existe mesmo alguma insatisfação entre os candidatos ao Legislativo? A diferença de tratamento entre candidatos seria uma possibilidade? Não sabemos! Na Federação Brasil da Esperança, formada por PV, PT e PCdoB, não se esconde que “o foco dos esforços está na eleição do Legislativo”, notadamente direcionados na campanha do ex-vereador Rogério Bueno, um medalhão político do grupo. Embora isso fosse esperado, tem candidato na federação já enciumado com isso. O pior é que, nos bastidores, há quem aponte que Rogério Bueno pode não ser o mais votado do grupo. Uma candidata a vereadora pelo PT tem se destacado, mesmo não tendo o mesmo apoio financeiro e político destinado a Bueno.
Medo do questionamento
Conforme promove em todas as eleições municipais a quase 20 anos, a Coluna Fatos e Versões em parceria com o Portal Varginha Online, vem realizando entrevistas com os candidatos a prefeito de Varginha a cada 4 anos. Estas rodadas de entrevistas ao longo destes anos todos, serviram para esclarecer os leitores, internautas e principalmente os eleitores de Varginha, sobre a proposta de governo de cada candidato. Além disso, o espaço aberto pela Gazeta e pelo Varginha Online é uma oportunidade para todos os candidatos que têm o que apresentar ao povo e confiam no projeto de desenvolvimento que propõe para a cidade. Além disso, aqueles candidatos que não tem o que esconder do eleitor, participaram das entrevistas que já realizamos a quase 20 anos, sempre com imparcialidade e foco no desenvolvimento da cidade. Neste ano de 2024, conforme temos visto nas muitas campanhas municipais Brasil afora, é grande a cobrança e insatisfação do eleitor, bem como, pouca participação dos candidatos em debates ou mesmo grande desrespeito e troca de ofensas e nenhuma proposta por parte dos políticos quando participam de algum debate. A campanha eleitoral da maior cidade do Brasil, São Paulo, ilustra bem o que diz a coluna. Em Varginha temos candidato que apenas questiona, ofende e nada apresenta, temos aquele que apresenta propostas insanas sem condições de execução, bem como temos aquele que foge do debate e das entrevistas. Neste sentido, depois de tentar, por diversas vezes, agendar entrevistas com os três candidatos a prefeito de Varginha, Zacarias Piva (PL), Fabiano Almeida (PV) e Leonardo Ciacci (PSD), a Coluna não teve sucesso neste agendamento. Os candidatos alegam não ter agenda, não retornam as consultas de agendamento ou mesmo agendam e não comparecem, o que mostra a falta de compromisso, organização ou mesmo interesse em apresentar alguma proposta ao eleitor.
Medo do questionamento – 02
Diante do impasse e para não deixar nossos leitores e internautas sem informações importantes para a escolha do melhor candidato em 2024, já que os candidatos “estão correndo do questionamento jornalístico”. A Coluna Fatos e Versões e o Portal Varginha Online, vão realizar neste final de semana uma mesa redonda com 5 autoridades locais para debater o plano de governo de cada um dos candidatos. Entre as personalidades que serão ouvidas pela coluna estão um economista com experiência na análise de dados econômicos e administrativos das principais cidades do Sul de Minas, um engenheiro e líder classista que participou ativamente da construção do Plano Diretor de Varginha, um administrador público experiente que já passou pela Prefeitura de Varginha e conhece também a Saúde pública local, além de um cientista político conhecedor do quadro eleitoral de Varginha, e por fim, um empresário e líder do comércio local, que conhece bem as necessidades do setor. O grupo vai debater o plano de governo dos candidatos, falar sobre as propostas de cada um, bem como a aderência do plano de governo apresentado junto a parcela da sociedade que representa. A criação deste novo modelo de entrevista deveu-se à recusa e dificuldade de entrevistar propriamente os candidatos, ou mesmo a desigualdade na eventual entrevista de apenas um nome dos três candidatos que disputam o Poder Executivo na cidade. Por certo que este novo modelo de análise política e técnica das propostas vai ser novidade para o eleitor.
Vandalismo seletivo
A vereadora e ex-presidente da Câmara, Zilda Silva está enfrentando uma onda de vandalismos com sua propaganda eleitoral. Diversas de suas placas, instaladas em locais permitidos e com autorização dos proprietários dos imóveis estão sendo danificadas. Alguns poucos outros candidatos também estão tendo este problema. A maioria deles candidatos de oposição ao candidato oficial do governo, mas nenhum na proporção sofrida por Zilda. Isso deve ser apenas uma coincidência! Afinal, o fato da vereadora Zilda Silva ter sido uma das líderes da oposição no Legislativo e ter dado grande trabalho ao governo, impondo derrotas ao Executivo municipal no período em que foi presidente da Câmara em nada afeta ou afetaria a atenção ou cuidado, por exemplo, da Guarda Municipal para policiar a cidade e encontrar este possível vândalo seletivo de propaganda política! Mais um caso semelhante ao ET de Varginha, que só acontece aqui!
Virtual é mais barato e seguro
A grande maioria dos candidatos a vereador estão preferindo a propaganda pelo meio digital. A onda digital veio para ficar e ainda tem a vantagem de ser mais barata que as mídias tradicionais como o popular santinho de papel. Isso pode impactar na limpeza da cidade que nos períodos eleitorais passados vivia suja com papel pela rua. Mas não se enganem, afinal, a Justiça Eleitoral tem coibido o uso de celular ao eleitor quando da chegada na urna eletrônica para votação. Tal procedimento é usado para impedir que o eleitor seja forçado a registrar o voto por qualquer motivo. Logo, para o dia da eleição, é permitido o uso da colinha de papel. Isso significa que, se não agora, logo mais vamos ver todos os tradicionais santinhos de papel pela cidade. Espero que na mão do eleitor e não pelas calçadas. As muitas gráficas da cidade que ganhavam um dinheiro extra quando da confecção dos santinhos de papel passam por dificuldades e esperam pela “derrama dos santinhos” que costuma acontecer nos dias que antecedem a eleição.
Bom exemplo
Muitas prefeituras do Sul de Minas entraram na Justiça e estão a criticar a concessionária da MGC 491 EPR Estrada Caminhos do Café por conta do alto valor do pedágio naquela via. Realmente o valor é alto, mas novamente informamos que ninguém foi pego de surpresa pois as prefeituras da região sabiam previamente do valor a ser cobrado. Além disso, a empresa concessionária EPR vem realizando muitas obras de melhoria na MGC 491, que vai de Três Corações a São Sebastião do Paraíso, sendo que um dos trechos de maior fluxo de veículos está entre Varginha e a Rodovia Fernão Dias. Inclusive, neste trecho, existe grande cobrança política para que a empresa concessionária conclua a duplicação interrompida a mais de 5 anos. Mas é preciso registrar uma conduta da empresa EPR, que foge da sua responsabilidade, mas ainda assim foi abraçada pela empresa: a campanha de combate a queimadas na região em que atua. Embora seja permitido as Prefeituras Municipais a realização de campanhas publicitárias de utilidade pública, mesmo em períodos eleitorais, apenas a Concessionária EPR vem realizando trabalhos de combate a incêndios ao longo da rodovia, bem como realizando campanha publicitária sobre o tema. Uma grande onda de calor se abateu sobre a região e nenhuma das muitas prefeituras que teriam a obrigação de abraçar esta causa teve a competência e inteligência de trabalhar preventivamente. Apenas a EPR já combateu e debelou centenas de focos de incêndios na região. Muitos destes focos de incêndio criados propositalmente de forma criminosa e onde estão as forças de segurança, inclusive Guardas Municipais das muitas cidades que gostam de criticar, mas pouco realizam em prol da população! Fica a dica!
Pergunta sem resposta
Nestas eleições municipais é mais fácil acreditar nas promessas mirabolantes dos candidatos ou nos valores das declarações de bens dos candidatos? Do candidato que não tem nada a declarar ao candidato que esconde patrimônio e reduz valores de bens, temos de tudo nestas eleições. Tá sobrando falsidade e faltando vergonha!
Equilíbrio de forças
O Sul de Minas tradicionalmente é formado por cidades com eleitor do perfil conservador. Poucas cidades já tiveram prefeitos eleitos por partidos de esquerda. Algumas das propostas de política pública da esquerda como ideologia de gênero, liberação das drogas, liberação do aborto possuem poucos adeptos na nossa região. Mas é fato que os partidos de esquerda vão a cada dia criando raízes e ganhando adeptos nas cidades maiores, mas ainda assim, precisam crescer muito para alcançar os números dos partidos tradicionais, principalmente os partidos do centrão. Neste quesito, e tendo em vista que a polarização entre esquerda e direita vai voltar a acontecer em 2026, o Sul de Minas vai conhecer o seu perfil político depois das eleições de outubro. Tudo leva a crer que os partidos tradicionais do centrão vão fazer a maioria dos prefeitos, bem como a maioria dos vereadores. Todavia, tendo em vista que alguns vereadores de esquerda também vão ser eleitos e que, no caso do centrão, a liberação de emendas parlamentares pelo presidente Lula pode “mudar opinião de parlamentares do centrão”. É possível que o Sul de Minas não seja mais tão tradicional como no passado. Tudo vai depender dos eleitos em outubro e da influência dos deputados federais que atuam na região. Neste ano eleitoral nunca se viu tantas liberações de recursos federais de emendas parlamentares. O governo federal de esquerda de Lula da Silva quer convencer e cooptar deputados federais para votar pelo governo e, sobretudo, apoiar o candidato governista em 2026. Hoje, a direita vence com maioria na região, mas o equilíbrio de forças está sendo buscado pela esquerda a todo custo, basta ver a movimentação dos parlamentares petistas e os valores investidos em emendas e em fundo partidário na região pelas legendas de esquerda.
RODRIGO SILVA FERNANDES é advogado e
articulista político da Gazeta e escreve as quartas
e sextas. Email: Rs.fernandes@fiemg.com.br
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