Coluna Fatos e Versões com Rodrigo Silva Fernandes - 10/07/2024
Os coringas
A campanha política começa oficialmente em breve, com a homologação das chapas com os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores, que deve ocorrer até 15 de agosto. Mas até lá os grupos políticos locais têm uma grande batalha a vencer: completar as chapas. Isso porque os principais grupos políticos já têm o nome da disputa a prefeito, mas não tem o nome oficial de vice ou mesmo não tem a chapa completa de candidatos a vereadores. No campo governista o nome principal será o vice-prefeito Leonardo Ciacci (PSD) que vai disputar a prefeito, mas ainda não tem oficialmente o nome do vice. Os governistas queriam Stefano Gazola para vice de Ciacci. O MDB de Gazola está, agora, no grupo político governista e o perfil de Gazola seria o ideal para o cargo. Gazola é um outsider da política com reconhecimento público do trabalho que realiza pela Educação, é um bom gestor e possui grupo político e empresarial que o acompanha no desafio político que escolher. Contudo, Stefano Gazola declinou do convite para vice de Ciacci. Outra alternativa seria o vereador Eduardo Ottoni Filho (Dudu Ottoni) – Avante/MG, que colocou o nome para ser candidato a prefeito, justamente para valorizar o próprio passe e cacifar-se para ser vice de Ciacci. Contudo, os estrategistas do governo avaliam que Dudu Ottoni de vice pouco acrescentaria, pois, seu grupo já apoia Ciacci e a saída de Dudu Ottoni da disputa no Legislativo tiraria uma vaga importante do apoio ao Governo na Câmara. Afinal, segundo as pesquisas, a reeleição de Dudu na Câmara seria praticamente certa e o vereador é hoje o principal defensor do governo no Legislativo. Caso Dudu não esteja na Câmara ano que vem, o governo teria que encontrar outro substituto. Sem falar que alguns articuladores do governo avaliam que seria importante encontrar um vice para Ciacci que contemplasse outros nichos eleitorais, como uma mulher ou pessoa negra, pois estes eleitorados são representativos na cidade.
Os coringas – 02
Já na oposição, o Partido Liberal – PL Zacarias Piva também segue sem candidato a vice. Piva também sondou o nome do MDB, Novo e outros, mas sem sucesso até agora. O PL passou por muitas mudanças em pouco tempo na cidade, o que não permitiu que a legenda construísse um arco de aliados. Contudo, o PL tem a seu favor a proximidade com o Partido Progressista, que pode indicar a vereadora Zilda Silva a vice na chapa encabeçada pelo PV, que pode ter Cleiton Oliveira como candidato, ou mesmo o vice do PL que terá Zacarias Piva como candidato a prefeito. Zilda Silva é vereadora, representa e se identifica com o eleitorado feminino, que é maioria em Varginha. A escolha de Zilda Silva para vice em qualquer das chapas da oposição força o Governo a ter um nome que se identifique com o eleitorado feminino. Além disso, outros nichos estão sendo monitorados como candidatos ligados a igrejas, servidores públicos, agronegócio, entidades de classe etc. A ideia dos partidos é ter alguém para defender os candidatos nos principais nichos eleitorais da cidade. Também no campo da oposição, a federação PT, PV e PCdoB segue indefinida quanto à pré-candidatura a prefeito do deputado estadual Cleiton Oliveira (PV). Enquanto o PT local resiste a apoiar Cleiton, a federação não define seu rumo e isso traz insegurança a alguns dos candidatos a vereador. Afinal, a chapa da federação pode ficar mais ou menos competitiva se o nome for Cleiton Oliveira ou outra pessoa, e alguns dos candidatos a vereador pensam se vão ou não disputar eleição, a depender de quem for o cabeça de chapa. Varginha pode ter centenas de candidatos a vereador, aliás, a disputa ao Legislativo é bem mais disputada que para prefeito. Vale lembrar ainda que alguns poucos nomes da atual composição da Câmara, segundo as pesquisas, já teriam a reeleição garantida. A coluna acredita que 3 ou 4 vereadores da atual composição se encaixam neste perfil.
Construção difícil
Na construção das chapas proporcionais, (chapas de candidatos a vereadores), existem ainda mais dificuldades que a construção da chapa majoritária (candidatos a prefeito e vice). Isso porque na chapa proporcional é necessário respeitar cotas e proporcionalidades e muitas vezes as legendas não possuem o número mínimo de mulheres e/ou negros para disputarem a eleição. Isso tem muita importância, pois caso os partidos não preencham as cotas não podem lançar todos os candidatos possíveis em cada eleição. No caso da eleição municipal de 2024, cada legenda pode lançar até 16 candidatos a vereador em Varginha e muitas legendas estão com dificuldade em preencher as cotas. Além disso, soma-se a dificuldade tradicional trazida por cada candidato quanto aos custos de campanha, despesas com material, contratação pessoal etc. Neste quesito, as legendas também possuem estruturas diferentes. Cada legenda possui um recurso diferente no Fundo Eleitoral, que é o (absurdo) recurso público destinado a pagar a campanha eleitoral dos candidatos. De modo geral, os deputados e líderes partidários estaduais e nacionais têm maior facilidade em trazer estes recursos para suas bases eleitorais nas cidades. No caso de Varginha, partidos como o PP, PV, PT, PSD entre outros que possuem deputados atuantes na cidade, terão maior facilidade em trazer recursos do Fundo Eleitoral para as suas campanhas municipais. Já outras legendas também terão recursos, mas possivelmente, seus dirigentes nacionais e estaduais devem concentrar os recursos em disputas nas Capitais deixando cidades menores sem recursos para campanha.
Trânsito e Fiscalização
Os problemas do trânsito são antigos em Varginha, a novidade agora é a privatização da Área Azul e a baixa eficiência da fiscalização da Guarda Municipal. Em relação a Área Azul ainda persistem as reclamações quanto a empresa que assumiu a gerência da Área Azul. Não se sabe se a empresa está cumprindo regularmente o contrato de repasse de valores ao município, nem mesmo se tem algum extrato mensal dos números do contrato para fiscalização. Olha ai Câmara de Vereadores, cadê o controle externo?! Já quanto a Guarda Municipal a instituição apresenta deficiências em algumas regiões da cidade onde não se tem atividade constante ou atuação efetiva. Principalmente bairros da periferia e regiões próximas a hospitais, eventos e outros pontos importantes. A verdade é que a Guarda Municipal não parece ter um programa definido e eficiente de distribuição da tropa para policiamento, segurança e controle do trânsito para toda a cidade. Daí precisa ficar revezando a tropa aqui ou acolá. Fatalmente, quando a Guarda Municipal não está, é onde se registram as ocorrências de abusos e tais informações alastram pela cidade por meio das redes sociais, piorando ainda mais a imagem de ineficiência da instituição de segurança municipal. Por certo que a concessão da Área Azul e a Guarda Municipal merecem e precisam de atenção no projeto de governo dos candidatos que vão disputar a Prefeitura de Varginha. A concessão realizada pelo Governo Verdi foi acertada, mas o trabalho da empresa selecionada não está bom. Cabe ao novo governo fazer ajustes ou até mesmo a substituição da empresa. Quando a Guarda Municipal é preciso que o novo governo trace metas de desempenho e atuação da instituição. Além de realizar pesquisas junto à população para saber a “sensação de segurança e melhorias no trânsito” a fim de balizar ou cobrar melhorias da instituição de segurança.
Redenção ou Condenação
O “polêmico super secretário” Carlos Honório Ottoni Júnior tem vivido momentos diferentes neste fechamento de articulações políticas. Responsável por muitas vitórias e desgastes do Governo Verdi, o secretário tem participado das principais articulações políticas para consolidar a candidatura de Leonardo Ciacci, além de ser ouvido e dado “voto decisivo” em muitas tomadas de decisão da campanha governista de 2024. Odiado por uns e temido por outros, Honorinho sabe que precisa “encontrar em lugar” na campanha para viabilizar sua permanência ou não no futuro governo. Isso partindo do pressuposto que o governo faça o sucessor, o que não é uma certeza e sim uma possibilidade real. Todavia, em alguns grupos políticos governistas o “super secretário” é visto como uma ameaça pois pode absorver o poder político de outros grupos aliados, ainda mais se tiver seu primo (Dudu Ottoni) como candidato a vice de Ciacci. Já em outras áreas do Governo, acreditam que a permanência de Honorinho seria benéfico para o Governo. Nos bastidores, alguns não “botam fé na firmeza do candidato governista para tomar decisões difíceis, o que Honorinho consegue fazer com facilidade”. Logo, acreditam que um Governo Ciacci seria favorecido em caso de permanência de Honorinho para as decisões difíceis e desgastantes! Não sabemos qual tese será a vencedora dentro do Governo, mesmo porque, “Honorinho é e vai continuar sendo importante na campanha eleitoral, principalmente junto aos apoiadores do setor produtivo”. Mas sabedor dos “desafetos disfarçados que tem no governo e na campanha, Honorinho parece já estar suavizando posições e evitando confrontos”. O próprio prefeito Vérdi Melo já sofreu alguns constrangimentos quando indagado sobre atuações do “super secretário”. Nas conversas pessoais o prefeito evita tocar no assunto e não responde perguntas diretas sobre o “tamanho e a razão da influência de Honorinho no governo”. Isso somente ratifica que, gostem ou não alguns governistas e novos apoiadores de Verdi e Ciacci, o secretário de Governo vai continuar firme e forte onde está. Pelo menos, até quando permanecer este grupo político no controle do governo municipal, o que será decidido em outubro próximo.
As definições antecipadas
Para quem está acompanhando de perto as negociações políticas da eleição municipal de 2024, muita coisa ainda precisa ser definida como o nome de alguns vices, a cabeça de chapa da Federação PT, PV e PCdoB e mesmo a “promessa de espaço de cada legenda em caso de vitória”. Todas estas possibilidades ainda estão em negociação com poucas certezas na mesa. Mas uma coisa já é certa, Varginha terá em 2026 a participação de vários candidatos a deputados estaduais e federais, sendo que parte destes pré-candidatos já estão sendo formalizados agora. No campo governista, já existem compromissos de apoio para pelo menos 4 candidatos a deputado. Na chapa encabeçada pelo PL é bem possível que já existam compromissos de apoio para pelo menos 3 candidatos a deputado em 2026. E na chapa que vai representar a federação PT, PV e PCdoB já se tem notícia de pelo menos 4 deputados com compromisso firmado para apoio em 2026 junto às legendas da federação. Vejam que as eleições de 2024 nem aconteceram e já temos “cheques pré-datados eleitorais sendo emitidos agora. Por certo que muita gente está pegando cheque sem fundos nestas negociações”.
Fontes da Coluna
O signatário da Coluna foi questionado sobre informações que publica semanalmente neste espaço e são confirmadas tempos depois, como já ocorreu em diversas vezes, como na mudança de comando do PL local, por exemplo. A coluna antecipou em primeira mão que Leonardo Ciacci perderia o controle do PL quando o próprio Ciacci à época fazia evento e lançamento de candidatura pela legenda. Também foi a coluna que antecipou a vinda da Uber para Varginha, trazendo preocupação e desconfiança de muitos taxistas na cidade. Mas como a coluna fica sabendo de todos estes assuntos variados em primeira mão? Temos fontes confiáveis de informações nas mais diversas áreas, instituições e setores públicos e privados. Isso é importante para chegarmos à informação necessária no tempo certo. E mesmo assim, após o repasse de alguma informação de uma de nossas muitas fontes, a informação é checada para confirmar a autenticidade das notícias, além de serem buscadas outras fontes de informação e contraditórios, dependendo do assunto. Só depois disso que a coluna publica neste espaço o que o leitor confere todas as quartas e sextas. Um ponto importante disso tudo é que, concordando ou não com as informações que nos são repassados, a coluna sempre preserva o sigilo da fonte que passou a informação. Isso aliás é o segredo do sucesso para continuar sendo “confidente de muitas pessoas nos mais variados postos de poder na cidade”. A coluna já respondeu na Justiça sobre assuntos tratados e revelados neste espaço, sempre preservando o sigilo da fonte, que é constitucional inclusive, e garantindo assim que Varginha tenha sempre notícias confiáveis sobre assuntos importantes que impactam toda a região.
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