China reduz compras de soja e carne dos EUA em meio à guerra comercial
gazetadevarginhasi
há 13 horas
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A guerra comercial global começa a impactar diretamente a demanda internacional por grãos e carnes dos Estados Unidos. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontam uma significativa redução das compras chinesas, especialmente de soja e carne suína, após a recente escalada nas tarifas entre os dois países.
Segundo os números divulgados na quinta-feira (24), a China cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína dos EUA na semana encerrada em 17 de abril. Além disso, adquiriu apenas 1,8 mil toneladas de soja no mesmo período — uma queda expressiva frente às 72,8 mil toneladas compradas na semana anterior.
Os dados cobrem a primeira semana completa após o presidente Donald Trump elevar as tarifas sobre produtos chineses para 84%, patamar que depois saltou para 145%. Em resposta, a China impôs uma tarifa de 125% sobre produtos norte-americanos.
Para analistas, o mercado de commodities agrícolas pode sofrer forte pressão se esse movimento persistir. “Se tivermos grandes cancelamentos novamente na próxima semana, espero uma reação mais forte do mercado”, alertou Karl Setzer, da Consus Ag Consulting.
Apesar do impacto imediato, alguns especialistas preferem cautela. “A maioria das pessoas com quem falo acredita que ‘uma semana não representa uma tendência’”, disse Jason Britt, presidente da corretora Central States Commodities, com sede em Kansas City. Ele lembrou que fatores sazonais podem ter influenciado o comportamento da China, que costuma reduzir compras durante a primavera no Hemisfério Norte, época em que os EUA iniciam o plantio da nova safra.
Ainda assim, o setor observa com apreensão. A China representa cerca de 60% das exportações de soja dos EUA, e substituir essa demanda seria um desafio, segundo Scott Gerlt, economista-chefe da Associação Americana da Soja. Ele destaca que a ausência chinesa pode gerar efeitos em toda a cadeia de suprimentos.
Embora a tensão comercial continue elevada, o presidente Trump indicou recentemente a possibilidade de reduzir as tarifas, mas a China exige que qualquer flexibilização ocorra de forma unilateral. A instabilidade nas decisões políticas e tarifárias segue como fator de incerteza para o mercado.
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