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Aliados dos Brazão, Paes e Castro mantêm silêncio sobre fim do Caso Marielle




Passadas mais de 24 horas da operação que resultou na prisão dos acusados de serem os mandantes dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), não se manifestaram publicamente sobre o desfecho de um dos mais crimes de maior repercussão da história da cidade e do Estado.

Adversários no campo político, Castro e Paes também parecem alinhados em suas contas nas redes sociais. Ambos não publicaram nada nesta segunda-feira, até a mais recente atualização desta reportagem. No domingo (24), os dois só fizeram um post com o mesmo assunto: alerta sobre as chuvas que vêm castigando o Rio de Janeiro.

O silêncio do governador e do prefeito e do governador talvez seja explicado pela proximidade de ambos com o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) Domingos Brazão, presos no domingo com o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa.
Durante sua vitoriosa campanha ao governo do Rio de Janeiro, em 2022, Cláudio Castro dividiu palanque e caminhões de som com integrantes do clã Brazão, inclusive os dois presos no domingo. Ao microfone, Castro rasgou elogios aos irmãos e pediu votos para Chiquinho (então candidato a deputado federal) e Pedro Brazão (que conseguiu ser eleito deputado estadual).

Em um dos comícios, Castro afirmou que os Brazão são “representantes legítimos” do Estado do Rio de Janeiro. Vídeos desses momentos da campanha eleitoral de 2022 tomaram as redes sociais após a prisão dos irmãos Brazão, que, além de elegerem deputados, conseguiram nomear apadrinhados para cargos de confiança na Prefeitura do Rio de Janeiro e no governo do estado do Rio de Janeiro, com as vitórias de Eduardo Paes e Cláudio Castro.

Chiquinho Brazão fez parte do secretariado de Eduardo Paes
Chiquinho Brazão se licenciou da Câmara dos Deputados para assumir a Secretaria de Ação Comunitária do município do Rio de Janeiro, na gestão de Eduardo Paes, em 3 de outubro de 2023. Permaneceu no cargo até 1º de fevereiro de 2024.

A solenidade de nomeação de Chiquinho contou com a presença de integrantes do clã Brazão, influente na política do Rio de Janeiro. Entre outros, o deputado Pedro Brazão e Lucia, presidente do diretório municipal do Republicanos e irmã dos dois presos por suposto envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson. Já Kaio Brazão, filho de Domingos, foi saudado por Eduardo Paes como “futuro vereador”.

Chiquinho Brazão foi nomeado por Paes quando já se sabia que as investigações sobre as mortes de Marielle e Anderson avançavam contra a família dele. Chiquinho deixou o cargo na prefeitura e voltou à Câmara dos Deputados quando o nome do seu irmão Chiquinho já era tido como certo no envolvimento do crime. Na ocasião, Paes não comentou a saída de Chiquinho Brazão.

Viúva de Marielle criticou Paes por causa da nomeação de Chiquinho
Assim como outros nomes da esquerda, a vereadora Mônica Benício (PSOL), viúva de Marielle, criticou publicamente a nomeação de Chiquinho Brazão por Eduardo Paes. O deputado foi uma indicação política do Republicanos, partido presidido no Rio de Janeiro pelo prefeito Wagner dos Santos Carneiro, de Belford Roxo. O arranjo político fez parte de uma articulação de Eduardo Paes, para ampliar a base política com vistas às eleições municipais deste ano.

“Eduardo Paes nomeou ninguém menos do que Chiquinho Brazão como seu secretário. Me causa náuseas dizer isso. E fez isso na mesma semana em que veio à público a notícia de que a Polícia Federal estava investigando e suspeitava do envolvimento da família Brazão no assassinato de minha esposa, Marielle Franco. Queria dizer que estou surpresa, mas estaria mentindo. Para se manter no poder, o atual prefeito já deixou nítido que vale tudo, até se aliar com quem ele mesmo responsabilizou pela destruição do Rio de Janeiro”, disse Mônica na tribuna da Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 2023.

O vereador Waldir Brazão, ex-chefe de gabinete do deputado estadual Manoel Brazão, irmão de Domingos e Chiquinho, saiu em defesa do clã Brazão e disse que a morte de Marielle era a única pauta de Monica. Waldir usa o nome Brazão, apesar de não ser da família, porque conta com o apoio dela, de olho no eleitorado do clã.

“A única pauta que ela tem é a morte da Marielle. Que todo mundo já sabe tudo porque lê no jornal, todo dia, a mesma coisa. Se ela não tiver essa pauta, ela não consegue fomentar o eleitorado do PSOL. (...) Ela dormia do lado de Marielle, mas não sabia de nada. É mais fácil acusar um Brazão do que outro”, afirmou.
A viúva de Marielle rebateu a declaração do aliado dos Brazão e disse que “aos preocupados com a Justiça, ela chegará”.

“Eu não sou delegada, não sou investigadora, não trabalho no Ministério Público. Sou a viúva de Marielle Franco. Quem disse da possibilidade do envolvimento da família Brazão, do Chiquinho Brazão, foi a Polícia Federal. Não fui eu. Há um processo e o final está chegando. E aí os nervosos podem ficar mais nervosos ainda, porque é uma questão de tempo. Aos preocupados com a Justiça, ela chegará. Não existe crime perfeito. Chegaremos ao final desse caso. A execução dela irá transformar a história do Brasil, não só na perda da matéria de seu corpo, mas ao transformar a política e o submundo do Rio de Janeiro quando a revelação dos nomes dos mandantes e todos os envolvidos chegarem ao conhecimento público”, concluiu Mônica.

Os Brazão são apontados como braços políticos de milícias cariocas há quase 20 anos. Em 2008, relatório da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) apontou Domingos Brazão, então deputado estadual pelo PMDB, como alguém que contava com apoio da milícia de Rio das Pedras. Essa relação foi apontada pelo vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras (DEM), primeiro a depor na CPI, em 9 de setembro de 2008.

Ainda segundo o relatório, Domingos e Chiquinho Brazão teriam influência política na área de atuação da milícia na 15ª região administrativa de Madureira. conforme a conclusão da CPI, o grupo seria formado por civis, policiais civis e policiais militares e teria 14 milicianos, com atuação na exploração de serviços, como sinal de TV a cabo, venda de imóveis, gás e comércio. Apesar das citações, a família Brazão não teve pedido de indiciamento pela CPI.

PF destaca ameaças de Domingos Brazão a adversários
A Polícia Federal lembrou, no relatório final sobre os assassinatos de Marielle e Anderson, o histórico de ameaças a adversários por parte de Domingos Brazão. Os investigadores também destacaram que o conselheiro do TCE-RJ, que foi vereador e deputado estadual, é o mais novo de seis irmãos de uma família com forte influência na política fluminense, mas de origem humilde, que acumulou riquezas após assumir cargos públicos.

“O líder do Clã Brazão, Domingos Brazão, esteve ao longo dos anos envolto em uma névoa criminal nunca dissipada em razão das relações político-estatais por ele construídas. Cercou-se de policiais, parlamentares, políticos, conselheiros dos Tribunais de Contas e líderes de organizações criminosas, notadamente aquelas que exploram atividades típicas de milícias”, cita a PF no relatório.

Os episódios mais conhecidos protagonizados por Domingos Brazão quando era deputado envolveram Cidinha Campos, que sempre apresentou relatórios sobre supostas ações criminosas do adversário político, mas nunca conseguiu que os casos fossem apurados.

Durante discussão no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em 2014, após ser chamada de “vagabunda e p***”, Cidinha rebateu: “É melhor ser p*** do que matador e ladrão”. E Brazão devolveu: “Mando matar vagabundo mesmo. Sempre mandei. Mas vagabundo. Vagabunda ainda não mandei matar”.
O homicídio ao qual Brazão fez referência teria ocorrido quando ele era jovem.

Segundo o ex-deputado, ele foi absolvido porque o caso foi entendido como legítima defesa. “Matei, sim, uma pessoa. Mas isso tem mais de 30 anos, quando eu tinha 22 anos. Foi um marginal que tinha ido à minha rua, em minha casa, no dia do meu aniversário, afrontar a mim e a minha família. A Justiça me deu razão”, contou Brazão à época da briga com Cidinha, em entrevista ao jornal O Globo.
Fonte: O Tempo

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